São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
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Transexual pode ter cérebro diferente

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Homens que resolveram mudar de sexo podem não ter feito a escolha só por razões psicológicas. Seus cérebros seriam diferentes, sugere estudo publicado hoje na revista britânica "Nature".
"Nosso estudo é o primeiro a mostrar que há uma estrutura 'feminina' nos homens transexuais", disse Dick Swaab, do Instituto de Pesquisas do Cérebro (Holanda).
Segundo o pesquisador, os transexuais têm, desde a infância, "a sensação de que nasceram com o sexo errado".
Os cientistas estudaram o cérebro de seis homens que haviam se submetido à operação de mudança de sexo por 11 anos.
Já se sabia que uma região do cérebro associada ao comportamento sexual, chamada BSTc, é maior em homens, independentemente da preferência sexual.
Mas os pesquisadores, observaram que, antes da cirurgia, essa região era semelhante ou menor do que a BSTc de mulheres.
Segundo Swaab, é provável que a diferença nas regiões se desenvolva antes da idade adulta, como resultado da interação conjunta entre hormônios sexuais e desenvolvimento do cérebro.
A descoberta, entretanto, pode ser prematura. "Atualmente essa região cerebral só pode ser medida após a morte", disse Marc Breedlove, neurobiólogo da Universidade da Califórnia.
"Até tecnologias disponíveis para medir essa região na mesma pessoa em diferentes idades -antes e depois da puberdade, por exemplo- podem não ser a resposta definitiva da ligação entre essa região e a diferenciação psicológica", disse Breedlove, comentando a descoberta.
Cérebro
Pesquisadores russos devem fazer esta semana o primeiro transplante de células nervosas em uma paciente que teve o cérebro danificado depois de sofrer um acidente de automóvel, perdendo boa parte do tecido cerebral.
Os médicos, do Instituto para Estudos do Cérebro Humano, em São Petersburgo (Rússia), vão transplantar células-mãe dos neurônios, as células nervosas.
Essas células, chamadas neuroblastos, foram retiradas de um embrião humano.
Segundo Andrei Anickov, vice-diretor do instituto, já foram feitos transplantes de neuroblastos de embrião em pacientes com alguns tipos de doença neurológica, como mal de Parkinson e algumas formas de esquizofrenia.
Segundo Anickov, os neuroblastos são ideais para esse tipo de experimento porque, retirados de embriões de sete ou oito semanas, têm força suficiente para estimular o crescimento de células cerebrais.
"Neuroblastos retirados de embriões mais velhos perdem a capacidade de proporcionar esse estímulo", disse.
Transplantes de neuroblastos costumam ter um alto custo. Pesquisas com embriões humanos são eticamente questionadas em vários países.

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