São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995 |
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Fluminense consagra o 'recuo instintivo'
MAURICIO STYCER
Mesmo sob o risco de chatear o leitor, apresento alguns números que mostram como a ideologia da eficiência segue colhendo frutos no futebol brasileiro. Nas sete partidas que disputou na Copa dos EUA, o Brasil marcou 11 gols e tomou 3, alcançando a medíocre média de 1,57 gol feito por jogo e a excelente marca de 0,42 gol tomado por partida. O Fluminense tomou 7 gols nas 16 partidas que disputou até agora no Campeonato Brasileiro, uma média de 0,43 gol por jogo, a mesma média do Brasil na Copa. Dá até para dizer, guardadas as devidas proporções, que os zagueiros tricolores Sorlei e Lima vêm demonstrando eficiência semelhante a que Aldair e Márcio Santos exibiram nos EUA. O mesmo não se pode falar dos atacantes Renato, Rogerinho e Gaúcho, na comparação com a dupla Romário e Bebeto. O Fluminense até agora marcou 14 gols em 16 partidas, o que dá a ridícula média de 0,87 gol por partida, contra a já citada média de 1,57 da seleção. A baixa eficiência do ataque tricolor comprova a tese de Parreira. O sucesso de uma equipe hoje se deve, em primeiro lugar, à defesa. Mesmo marcando poucos gols (menos de um por partida no Brasileiro), o time comandado por Joel Santana segue conquistando vitórias. No último sábado, Joel deu uma bronca nos jogadores após o empate com o Palmeiras (1 a 1), em Franca. Segundo o técnico, o time foi covarde, recuou demais, desperdiçou a oportunidade de ganhar e até correu o risco de perder o jogo. O meia Aílton saiu em defesa dos jogadores. "Foi um recuo instintivo", disse o jogador, buscando no inconsciente a explicação para a forma de jogar do time. Para quem não se lembra, o Fluminense fez o primeiro gol da partida logo aos 17min do primeiro tempo, num lançamento de Aílton para Valdeir, que encobriu Velloso com jeito. Bom, ainda faltavam 73 minutos para a partida acabar e o Fluminense já tinha preenchido a sua cota quinzenal de gols. O que fazer? Foi aí que ocorreu o tal "recuo instintivo" do tricolor carioca. Joel pode até reclamar do time, mas não é preciso ser psicanalista para saber que se o time recuou -instintivamente ou não-, a culpa é do pai, digo, do técnico. Foi Joel quem armou o Fluminense desse jeito eficiente de jogar, com dois zagueiros eficientes, dois meias defensivos eficientes, dois laterais eficientes, enfim, todo um setor defensivo de uma eficiência irritante. A ausência quase total de jogadores do Fluminense nas últimas convocações da seleção brasileira é um indicador de que tanta eficiência já irrita até mesmo o hoje bem-humorado Zagallo. Talvez seja sinal de que podemos sonhar com o pentacampeonato com um time menos "penta". Hoje excepcionalmente deixamos de publicar a coluna de Matinas Suzuki Jr. Texto Anterior: Sob tensão, time decide vaga com o Cruzeiro Próximo Texto: ANTEONTEM Índice |
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