São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
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Autor faz continuação de 'A Pedra do Reino'

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Nelson, eu quero desfazer um equívoco que já saiu duas vezes na Folha de S.Paulo. Se você for botar o nome do meu pai, bote João Suassuna. Porque já saiu duas vezes que eu sou filho de João Pessoa Suassuna. Este João Pessoa foi governador da Paraíba, como meu pai foi, mas era inimigo nosso."
Como o pai, o também paraibano Ariano Suassuna, 68, é um político do Nordeste. Um político de esquerda. É secretário da Cultura de Miguel Arraes, em Pernambuco, e um defensor de causas como a reforma agrária -e, estranhamente para alguns, mas natural para ele, também defensor da monarquia.
Mas Ariano Suassuna é sobretudo o escritor de obras já clássicas do teatro, como "O Auto da Compadecida", publicada em 1955, e "A Pena e a Lei", em 1959, e do romance "A Pedra do Reino", publicado em 1971.
No momento, ele está terminando de escrever -e de desenhar e pintar- o que seria a continuação de "A Pedra do Reino", também um romance, tendo outra vez o personagem Quaderna como narrador, agora ao lado de um outro.
Quaderna, que é visto como uma representação do próprio Ariano Suassuna, é também o protagonista de sua peça de teatro mais recente, escrita em 1987 e montada no Recife, com o título "As Conchambranças de Quaderna" -a peça em que estreou no teatro, segundo o escritor, o seu sobrinho Romero de Andrade Lima, também artista plástico, autor e diretor.
Junto com a literatura, Ariano Suassuna atua incessantemente na cultura, com movimentos como o do Teatro Popular do Nordeste, no fim dos anos 50, que criou ao lado de Hermilo Borba Filho, também dramaturgo, e sobretudo o Movimento Armorial, que Ariano Suassuna lançou nos anos 70.
Agora, ainda parte do mesmo ideário de valorização da cultura popular do Nordeste e das raízes ibéricas, Ariano Suassuna vem realizando o que chama de "aulas-espetáculos", em que participam o grupo Romançal de música e dança, o próprio Romero de Andrade Lima, o músico que liderava o Quinteto Armorial, Antônio Madureira, além de atores e outros.
A atenção maior das "aulas-espetáculos" é com a cultura popular, como parte do projeto do político Ariano Suassuna.
(NS)

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