São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
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Bósnia tem última chance para paz, dizem EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os presidentes de Sérvia, Bósnia e Croácia iniciaram ontem conferência que pode ser "a última oportunidade de paz" na ex-Iugoslávia, segundo o secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, que coordena o encontro.
A reunião está sendo realizada na base Wright-Patterson, da Força Aérea dos EUA, em Dayton, Ohio, meio-oeste do país. O local foi escolhido para garantir o máximo possível de privacidade aos participantes.
Christopher abriu os trabalhos com um alerta aos três presidentes: "um fracasso aqui levará à renovação da guerra, e as futuras gerações com certeza vão nos responsabilizar por isso".
Slobodan Milosevic, 54, da Sérvia, Alija Izetbegovic, 70, da Bósnia, e Franjo Tudjman, 73, da Croácia, vão partir de princípios acertados em conferências anteriores em Genebra e Nova York.
Entre eles: a Bósnia vai se manter como um só país, mas dividido em duas repúblicas, uma governada pela federação bósnia-croata e outra pelos sérvios bósnios; haverá eleições com presença de observadores internacionais para a escolha de governo e Parlamento nacionais, formados por dois terços de bósnios e croatas e por um terço de sérvios bósnios.
Desde 1991, esses três países, originados após a desintegração da Iugoslávia, têm estado em guerra. Pelo menos 200 mil pessoas morreram e 1 milhão teve de se refugiar. Os motivos da guerra são étnicos e religiosos. A população da Bósnia é constituída por muçulmanos (50%), sérvios católicos ortodoxos (35%) e croatas católicos romanos (15%).
Milosevic, que foi do Partido Comunista da Iugoslávia, atacou a Croácia (onde 13% da população é sérvia) e apoiou uma rebelião de sérvios na Bósnia, em nome da teoria da "Grande Sérvia".
O líder dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic, não foi convidado para o encontro de Dayton e está sendo representado por Milosevic, embora os dois estejam se desentendo sobre como agir no futuro imediato.
A Croácia, que chegou a um cessar-fogo com a Sérvia em 1992, mas quer reconquistar território então concedido à Sérvia, ameaça reiniciar hostilidades contra os sérvios se um acordo não for feito até dezembro.
A Sérvia, sob embargo econômico internacional desde 1992, está sem condições materiais de manter suas posições militares.
Em 1994, sob o patrocínio dos EUA, Bósnia e Croácia, que também lutavam entre si por território, resolveram estabelecer uma federação para lidar com a Sérvia.
Entre os muitos pontos de desacordo entre as três partes a resolver em Dayton está o status de Sarajevo, capital da Bósnia.

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