São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
Próximo Texto | Índice

Reservas, com reservas

O enorme saldo de dólares que entrou no país em outubro, de US$ 2,93 bilhões, pode sugerir que a credibilidade do país e da política econômica está em alta.
O lado ruim, que há muito pesa demais na balança dos prós e contras, é o custo dessa política. Os dólares vêm porque os juros estão altos, altíssimos se comparados com os juros internacionais. Quem paga a conta é o contribuinte, os que dependem de serviços públicos ou as finanças estaduais.
Não há a mais remota dúvida de que ter reservas em excesso é melhor do que delas carecer. Crises no balanço de pagamentos estão efetivamente entre as piores situações que uma economia pode experimentar. Isso não significa, entretanto, que reservas excessivas, em medida apreciável constituída de capitais especulativos, sejam benesse.
A intensa entrada de recursos, prontamente substituídos por títulos públicos, esteve entre as principais razões do vertiginoso crescimento da dívida interna federal nos últimos três meses.
Desde que o espectro da crise mexicana foi afastado, a entrada de divisas foi impressionante. Após os saldos de US$ 3,97 bilhões em julho e US$ 5,31 bilhões em agosto, setembro registrou a internalização menor, de US$ 1,48 bilhão, graças ao aumento da tributação. O resultado de outubro mostra que a elevação de IOF sobre a entrada de capitais foi inócua para conter a rápida acumulação de reservas.
Está claro que, precisando financiar suas contas externas, o Brasil não pode abrir mão de juros mais altos que os do mercado internacional. Mas é preocupante que as taxas atuais possam ultrapassar, além do razoável, qualquer limite de necessidade ou conveniência.

Próximo Texto: É muita folga
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.