São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995 |
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É muita folga A palavra "folga" deriva do verbo latino tardio "follico", que significa "respirar como um fole", ou seja, lenta, profunda e mansamente. Foi esse "refresco", como definiu o vice-líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), que o presidente da Casa, Luís Eduardo Magalhães, prometeu aos deputados para garantir o quórum para a aprovação do FEF ontem. Temendo a revoada de parlamentares para suas bases na véspera do Finados, a Mesa decidiu que na semana do feriado de 15 de Novembro não haverá contagem de faltas e, portanto, desconto no salário de quem se ausentar. É claro que a negociação política é legítima, mas, como tudo no mundo, tem um limite. É lamentável que o governo tenha de trocar votos no Congresso por cargos, mas, infelizmente, isso ocorre em toda parte do mundo, talvez aqui, excessivamente. Algo bem diferente contudo é premiar, pelo simples cumprimento do dever, com o ócio uma categoria já bastante ociosa, que só costuma desempenhar suas funções celeremente quando muito pressionada e/ou em troca de regalias. É sintomático que a semana de ócio na Câmara tenha sido a do feriado da proclamação da República. Deputados são pagos para estar em Brasília, votando e participando das comissões. Não há, portanto, o menor sentido em trocar a presença em uma sessão de especial interesse para o governo por uma semana de respiração lenta e mansa. Texto Anterior: Reservas, com reservas Próximo Texto: Corrida contra o tempo Índice |
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