São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995 |
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Iraque está fechado ao desejo do viajante
JOÃO BATISTA NATALI
O prejuízo, em termos de patrimônio histórico que não pode ser visitado, é dos mais consideráveis. O atual Iraque compreende em seu território a Mesopotâmia, vale fértil entre os rios Tigre e Eufrates. Lá estão, a 90 km de Bagdá, as ruínas da cidade de Babilônia, com os vestígios do palácio de Nabucodonosor (605-563 a.C.). O Iraque está hoje isolado do mundo em razão das controvertidas ambições geopolíticas do presidente Saddam Hussein. Ele, há cinco anos, anexou o Kuait (o mais rico dos emirados do Golfo Pérsico) e foi dele desalojado durante a operação militar "Tempestade no Deserto". Mas Saddam ainda dispõe de armas químicas e bacteriológicas fabricadas quando de sua guerra contra o Irã (1980-1988). São arsenais mortíferos, que têm por alvo a população civil. O Iraque está com suas fronteiras fechadas com a Turquia, Síria, Arábia Saudita e, obviamente, o Kuait. Os homens de negócio que conseguem visto consular são obrigados a entrar pela Jordânia. É uma viagem incômoda. Como o embargo significa a suspensão de todos os vôos civis, a Iraqi Airlines deixou de operar e o aeroporto de Bagdá está fechado. A solução é ir por estrada, com quase 1.000 km pelo deserto, com seus postos de revista das bagagens e identidade e mais o "pedágio da Aids, no qual o estrangeiro paga US$ 50 e tem o sangue extraído para, supostamente, proteger da epidemia um país que não tem como importar camisinhas. Bagdá é uma cidade moderna. Espécie de Brasília com prédios gigantescos e vias expressas custeadas, nos anos 70, pelos petrodólares -o Iraque foi o segundo maior exportador da Opep. O horizonte pulula de cúpulas azulejadas das mesquitas e minaretes. O que aparece, em verdade, são os efeitos do embargo. Não há automóveis novos, lojas de eletrodomésticos ou de produtos de informática. A comida é racionada. Texto Anterior: Construções neoclássicas resistem em Fortaleza Próximo Texto: Arenque reina absoluto na capital sueca Índice |
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