São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995 |
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Père-Lachaise é mapa da história e cultura
VINICIUS TORRES FREIRE
O general e imperador da França recorreu a golpes de marketing para fazer com que os parisienses levassem seus mortos para lá. Na época o cemitério ficava longe. Napoleão ofereceu a companhia póstuma de escritores como Molière e La Fontaine, e a de um dos casais de amantes mais célebres da história, Abelardo e Heloísa. Ele, 40, era filósofo e preceptor da moça, 17. Heloísa engravidou e seu tio imaginou que Abelardo a rejeitava. Mandou castrá-lo. Os dois se tornaram religiosos. Depois do triste casal, mais de 1,1 milhão de pessoas foram enterradas (e desenterradas) lá. Há cerca de 105 mil túmulos, o que torna ao mesmo tempo difícil e agradável a tarefa de encontrar sua personalidade favorita. É preciso caminhar entre as pequenas colinas, no meio das 12 mil árvores do Père-Lachaise para encontrar os endereços. Por vezes é preciso andar entre os túmulos, nem todos ficam na beira dos caminhos, o que pode trazer surpresas, como descobrir que Chaplin está enterrado lá desde 1896. Mas o C. Chaplin do Père-Lachaise era pintor e morreu quando o cinema tinha apenas um ano de idade. Como todo mundo que morre em Paris pode ser enterrado na cidade, pode-se prestar homenagem à memória do escritor irlandês Oscar Wilde ou à do cantor de rock norte-americano Jim Morrison. A partir R$ 4.500, é possível ser vizinho deles, ou quase, na eternidade. O Père-Lachaise pede R$ 400 para guardar as cinzas dos cremados, por dez anos. As da cantora de ópera Maria Callas estão lá. O cemitério não conta história apenas através de seus mortos ilustres dentro de seus muros. Adolphe Thiers, líder dos vitoriosos e presidente da República, está enterrado no Père-Lachaise. Para facilitar a visita, compre um mapa do cemitério numa floricultura das proximidades, 10 francos o mais barato (R$ 2). O cemitério oferece visitas guiadas, de duas horas de duração, com hora marcada, às quartas e sábados. LE CIMETIÈRE DU PÈRE-LACHAISE: bulevar de Ménilmontant. Metrôs Père-Lachaise e Gambetta. Tel. 43-70-70-33. Horários: das 8h às 18h; domingos e feriados, das 9h às 18h (de 16 de março a 5 de novembro). De 6 de novembro a 15 de março o cemitério fecha às 17h30. Texto Anterior: Montparnasse guarda lembranças da boemia Próximo Texto: Lápides contam o passado dos seres admiráveis Índice |
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