São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Demissões podem causar novo atrito

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Duas substituições no Incra (Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária) podem causar novo atrito entre o presidente do órgão, Francisco Graziano, e o ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira -a quem Graziano é subordinado.
Nesta semana, Graziano exonerou Américo Ventura do cargo de diretor de Assuntos Fundiários do Incra. Ele havia sido indicado por Andrade Vieira.
Ventura foi substituído por um petista: Odônio dos Anjos Filho, presidente da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação) de Ribeirão Preto (SP).
O presidente do Incra exonerou Ventura um dia após o ministro ter afirmado que o processo de reforma agrária estava lento.
Graziano afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que Ventura será chamado para um trabalho de "fundamental importância" no Incra e que o petista foi nomeado não por seu partido, mas por ser pessoa de sua confiança.
O ministro da Agricultura nega que tenha atritos com Graziano. Segundo Andrade Vieira, a relação entre os dois está "afinada".
Ontem, Vieira disse que não tem nenhuma ligação pessoal com Ventura. "Quando assumi o ministério, ele já era diretor do Incra", afirmou.
Minas Gerais
Outro caso que pode causar divergências entre Andrade Vieira e Graziano é a recente demissão do superintendente do Incra em Minas Gerais, Geraldo Resende.
O superintendente mineiro, que faz parte do grupo do ministro e é irmão do deputado Eliseu Resende (PFL-MG), está teoricamente demitido. Na prática, continua respondendo pelo cargo.
Graziano anunciou sua demissão na semana passada, mas não indicou seu substituto. A demissão não foi publicada no "Diário Oficial" -o que significa que a medida ainda não é oficial.
Eliseu Resende diz que seu irmão continuará no cargo. "A demissão se resume a notícias de jornais. Não é confirmada". Ele afirmou que seu irmão estará hoje no Incra: "Qualquer um poderá encontrá-lo normalmente lá em seu escritório".
Reportagem publicada pela Folha revelou que o superintendente havia manipulado dados sobre os números de assentamentos em Minas Gerais.
A presidência do Incra confirmou que os dados estavam imprecisos e determinou que Resende produzisse um relatório preciso no prazo de quatro dias, sob pena de "tratamento exemplar". O relatório não ficou pronto, e a demissão foi anunciada. Ontem, o Incra reafirmou que Resende está demitido. A assessoria informou que o ato da demissão será publicado no "Diário Oficial" nesta semana.
A Folha apurou que Fernando Henrique recebeu pressão de políticos mineiros para que a demissão não seja consumada.

Texto Anterior: Sem-terra fazem protestos contra a Justiça
Próximo Texto: FHC prestigia Andrade Vieira em almoço
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.