São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
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Sem-terra fazem protestos contra a Justiça

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, NO PONTAL DO PARANAPANEMA

Os sem-terra do Pontal do Paranapanema fizeram ontem, em Pirapozinho (600 km a oeste de São Paulo), duas manifestações de protesto contra a decisão da Justiça de negar habeas corpus para Diolinda Alves de Souza e Márcio Barreto.
Cinquenta sem-terra protestaram em frente ao fórum da cidade e no cemitério municipal.
No fórum, os sem-terra acenderam velas, colaram fitas pretas nas janelas e portas do prédio e deixaram uma coroa de flores na entrada do prédio.
Segundo o coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), Gilmar Mauro, a cidade escolhida para o protesto foi Pirapozinho porque foi o juiz desse município que que decretou as prisões.
Mauro disse que o ato, entretanto, simbolizou o "velório do Judiciário brasileiro, que tem agilidade para prender trabalhadores, mas é incapaz de solucionar questões que envolvem terras improdutivas".
O promotor de Pirapozinho, Paulo Sérgio Ribeiro da Silva, 28, disse que o protesto em frente ao fórum "deve ser encarado como um ato político, não havendo infração penal para a livre manifestação de opinião".
No cemitério, os sem-terra fizeram orações e homenagearam nove pessoas mortas na luta por direitos sociais. Entre os homenageados, estava Chico Mendes.
Polícia
Até ontem à tarde, a Polícia Civil não tinha pistas dos líderes do MST no Pontal do Paranapanema, José Rainha Júnior e Laércio Barbosa, com prisão preventiva decretada pela Justiça.
O delegado regional da Polícia de Presidente Prudente, Marcelo Tasso de Lima Oliveira, disse que as investigações continuam.
O MST decidiu ontem que Rainha não dará entrevistas para evitar que declarações suas dificultem a concessão de um habeas corpus.

Colaborou a Agência Folha, em Bauru

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