São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
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Alimento e bebida sobem menos no Natal

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para uma inflação estimada em 23% em 12 meses até dezembro, os preços de alimentos e bebidas típicos do Natal devem ter reajustes inferiores a 15%.
Ou seja, os produtos natalinos vão subir neste ano menos do que a inflação do período e estarão, relativamente, mais baratos do que em dezembro de 94.
Muitos produtos, segundo a própria indústria, terão neste Natal preços semelhantes aos praticados no ano passado.
Nelson Dalcanale, diretor comercial da Sadia, conta que a empresa estará praticando, neste Natal, a mesma tabela de preços para o peru usada no ano passado.
"O quilo do peru deve chegar ao consumidor entre R$ 3,20 e R$ 3,50, o mesmo valor de 94", diz.
Sérgio Waldrich, diretor de carnes da Ceval, que comercializa a marca Seara, conta que neste Natal a empresa vai praticar preços entre 10% e 12% acima dos do ano passado, ou seja, abaixo da inflação acumulada no período.
A explicação, diz, é que a empresa investiu na redução de custos e deverá aumentar em até 50% o total de vendas para o Natal.
"O volume de vendas possibilita que não repassemos ao preço a inflação do período", afirma.
Argumento semelhante é usado por Fernando Simione Júnior, gerente de marketing da Bauducco, para justificar sua previsão de vender 9 milhões de panetones.
"O reajuste de 12% nos preços é menor do que a inflação e o final do ano tem, tradicionalmente, mais dinheiro em circulação", diz.
Nos importados, principalmente as bebidas, os preços devem estar bastante semelhantes aos do ano passado, segundo os importadores.
"O dólar não teve grandes variações e, portanto, não se justifica aumentos de preços", diz Jorge da Conceição Lopes, diretor comercial da Casa Santa Luzia.
Segundo ele, só estão sendo reajustados os produtos que tiveram alta no mercado internacional.
Um exemplo são as nozes, que subiram 74%. Nos demais, os aumentos estão abaixo da inflação: 17% na ameixa, 15% no panetone e queda de 2% na uva passa.
As frutas, nacionais e importadas, são a exceção. Terão aumentos bem acima da inflação, diz Valdir Renato de Oliveira, economista da Ceagesp.
Segundo ele, as frutas nacionais acumulam, de janeiro a outubro de 95, alta de 64%; as importadas, de 136%. "As frutas estão com tendência de queda, mas não perderão as gorduras até dezembro."
Heron do Carmo, coordenador do IPC da Fipe, afirma que os alimentos não deverão pressionar a inflação no final do ano. "Há oferta de alimentos, com a indústria já se preparando para atender a uma demanda maior", diz Heron.
Com preços relativamente mais baixos, essas empresas estimam que o Natal de 95 deve registrar vendas até 20% maiores do que o de 94.
A Sadia, por exemplo, já estuda a possibilidade de deslocar parte das exportações para atender o mercado interno.
"A produção cresceu 15%, mas, se houver maior procura, poderemos desviar uma parte para atender o mercado interno", diz Dalcanale.
Elídio Lopes, diretor da importadora Expande, trabalha com previsão de vender 20% mais neste Natal. "Estamos trazendo vinhos chilenos por R$ 4, e o consumidor certamente irá comprar", diz.

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