São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
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Auto-suficiência do Sesi

LUÍS NASSIF

De uma maneira geral, órgãos de prestação de serviços da indústria e do comércio começam a se preparar para conviver com o fim da rede protetora das contribuições obrigatórias.
No Rio Grande do Sul, a federação das indústrias tem buscado maneiras de aprimorar os serviços e tornar-se auto-suficiente.
Em Minas Gerais, a federação das indústrias elaborou um Plano Estratégico Único, destinado a preparar o Sesi e o Senai para terem receitas próprias.
Em geral, essas entidades prestam bons serviços, mas sem nenhuma forma de controle maior de despesas ou de indicadores de eficiência. Não raramente, são utilizadas para a promoção política dos líderes empresariais -como ocorreu com a própria Fiemg na gestão passada.
Hoje em dia, 85% das receitas do sistema mineiro são bancadas por 45 clientes. Dentro do plano estratégico, decidiu-se criar índices que permitissem medir a satisfação dos clientes, visando ampliar a oferta de serviços no próximo ano, de maneira a garantir 30% de receita própria.
Essa receita virá, principalmente, de prestações de serviço em assistência tecnológica e treinamento -algo a ser bancado pelas empresas. Considera-se que serviços de educação básica atendem a uma faixa social. Portanto, mantém-se a gratuidade.
Neste ano, o sistema mineiro dobrou o número de vagas, de 35 mil para 70 mil, com a melhor utilização da capacidade instalada e a oferta de serviços em parceria. Cada núcleo é regulado por um conselho consultivo, com participação dos trabalhadores.
Há muito a caminhar na área de prestação de serviços por entidades patronais, mas é importante que se descubram novos caminhos fora do manto protetor do Estado e das contribuições obrigatórias.
Sebrae
Crescem as suspeitas de que, em muitos Sebraes estaduais, funcionários constituíram empresas que passaram a monopolizar os serviços de consultoria, atuando na linha de frente ou como intermediárias para liberação de verbas da entidade.
Semanas atrás, ao solicitar ajuda do Sebrae de São José dos Campos para a publicação de um anuário sobre a produção local, por exemplo, pequenos empresários foram encaminhados a uma gráfica, que deveria atuar como intermediária da operação.
Recentemente, o próprio presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, ameaçou denunciar esquemas de consultoria que atuavam no âmbito do órgão, apadrinhados por antigos dirigentes.
Seria conveniente que as entidades que compõem os conselhos do órgão providenciassem imediatamente uma auditoria sobre os contratos de consultoria em andamento -inclusive com levantamento estatístico das empresas contratadas e identificação de seus titulares-, definissem critérios objetivos e impessoais para a contratação de técnicos e obrigassem à divulgação de todos os contratos em andamento, para fiscalização pela comunidade.
É a maneira mais simples de espantar suspeitas, se infundadas, ou de desmontar esquemas, se existentes. E de preservar o trabalho do órgão contra tentativas de privatizar o dinheiro público.

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