São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
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'Rapsódia' revisa relações EUA/Japão

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Sexta, em geral o dia da raspa de tacho, desta vez está irretocável. Começa com um bom filme de Sydney Pollack, com uma ótima Jane Fonda. "A Noite dos Desesperados" (Bandeirantes, 13h30) é a história de desempregados que, durante a Depressão, participam de concurso de dança.
Não à moda de John Travolta. Trata-se, aqui, de dançar até cair: o último par que ficar em pé ganha. Trata-se de uma evidente metáfora da concorrência desenfreada no capitalismo, como se Pollack dissesse que este mundo é organizado não para a felicidade, mas para gerar crueldade.
Na CNT/Gazeta, às 23h, entra um Kurosawa que merece atenção: "Rapsódia em Agosto". A história do norte-americano (Richard Gere) que vai visitar seus ascendentes japoneses é uma maneira de repassar as duras relações entre EUA e Japão, mas também de apontar as transformações que aconteceram desde o pós-guerra (ocupação aliada, respeitosa parceria ideológica e relações por vezes tensas comercialmente).
É um Kurosawa que destoa da grandiosidade de seus trabalhos mais recentes -por isso espantou os espectadores- mas tem um rigor admirável de pensamento.
Por fim, "Scanners" (Globo, 2h15). Quando apareceu, o filme era de um canadense desconhecido. Hoje, David Cronenberg já é aceito com mais facilidade.
Razão a mais para olhar com atenção este filme que trata de pessoas com força mental absurda. Podem, entre outras, destruir outras pessoas.
Há uma sanguinolência que durante muito tempo foi rejeitada. Por trás desse espetáculo, há um cineasta que pensa com rigor certas questões muito atuais. Entre elas -ou sobretudo- a interferência exagerada da ciência no campo do humano.
(IA)

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