São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Remessa de lucro neste ano é recorde

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

As remessas de lucros e dividendos para o exterior devem atingir US$ 4 bilhões este ano, estabelecendo um recorde histórico, de acordo com um estudo inédito da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos sobre Empresas Transnacionais).
A estimativa da Sobeet significa um crescimento de cerca de 40% sobre as remessas de lucros e dividendos feitas pelas multinacionais em 1994.
Até setembro deste ano, o total das remessas de lucros e dividendos alcançava US$ 2,9 bilhões, valor superior ao registrado em todo o ano de 1994.
A análise e a estimativa da Sobeet são baseadas em dados oficiais compilados pelo Departamento de Economia e pela Divisão de Balanço de Pagamentos do Banco Central.
Octavio de Barros, diretor técnico da Sobeet, atribui o recorde ao crescimento "espetacular" do faturamento das empresas transnacionais no Brasil.
O faturamento anual dessas empresas, diz Barros, mostrou uma recuperação "expressiva".
O aumento ficou entre 30% e 40%, em média, nos últimos dois anos.
"As multinacionais tiveram lucros elevados no Brasil nesses dois últimos anos, após terem visto o fundo do poço em 1991 e 1992", afirma.
Segundo Octavio de Barros, as multinacionais "estão voltando a ganhar dinheiro" no Brasil.
Maior vigilância
Além do aumento do faturamento, o recorde das remessas de lucros e dividendos também resulta de uma maior vigilância do Banco Central sobre o movimento de entrada e saída de recursos do país e, especialmente, sobre as contas de não-residentes.
"Tudo isso de certa forma faz com que as empresas estejam utilizando os canais mais tradicionais de envio de recursos para fora do país", afirma Octavio de Barros.
Mas, acrescenta, o que explica "para valer" o recorde histórico é a recuperação dos lucros no Brasil. "O Brasil, sem dúvida, voltou a ser um lugar interessante para se ganhar dinheiro", diz.
A Sobeet considera o aumento das remessas de lucros e dividendos um fato "positivo" para a economia brasileira.
Preferência mundial
"É um sinal claro da recuperação da taxa de retorno dos investimentos no Brasil", afirma Octavio de Barros.
Para a Sobeet, isso valoriza o país como um lugar preferencial para os investimentos diretos (dinheiro que segue para atividades produtivas e não para a especulação financeira) das empresas transnacionais.
Octavio de Barros diz que a repercussão desse recorde nas matrizes das transnacionais no exterior vai favorecer os planos de investimentos dessas empresas no Brasil.
"O recorde será decisivo a favor do Brasil no processo de decisão de investimentos das grandes empresas no exterior", diz Octavio de Barros.
"O resultado confirma o momento favorável do Brasil, pois fica mais fácil para as filiais convencerem as matrizes a destinarem os investimentos para o Brasil", afirma.
Segundo Octavio de Barros, o resultado confirma que o Brasil terá um importante ciclo de investimentos nos próximos anos.
A Sobeet calcula que os investimentos diretos no país alcançaram US$ 3,5 bilhões este ano.
"O fluxo de investimentos diretos está ocorrendo a uma média de US$ 350 milhões, por mês, este ano", diz Octavio de Barros.
Mais investimentos
Os dados da Sobeet mostram que o fluxo de investimentos diretos no país está crescendo mensalmente, de forma contínua, desde outubro de 1993.
"A retomada paulatina, mas consistente, dos investimentos diretos produtivos mostra uma confiança importante no país", afirma Octavio de Barros.
A projeção da Sobeet para o ano que vem é de investimentos diretos na ordem de US$ 5 bilhões, segundo Octavio de Barros.

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