São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995 |
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Tributação de estrangeiros vai destruir Bolsa, diz corretor inglês
ANTONIO CARLOS SEIDL
A avaliação é de Stephen Rose, presidente da Stephen Rose & Partners, a maior corretora independente da City -centro financeiro de Londres- especializada no mercado de ações brasileiro. Em entrevista à Folha, Rose afirmou que a proposta governamental é "totalmente louca". Para ele, o governo deveria estar tentando atrair mais investidores e não "expulsando" os próprios investidores brasileiros. Rose disse que a tributação, se for de fato colocada em prática, vai "exportar" parte do mercado acionário para Nova York. "Fico muito surpreso ao verificar que o governo parece estar fazendo tudo que pode para destruir o mercado de ações brasileiro." Rose disse acreditar que os investidores vão transformar ações em ADRs (recibos de depósitos) para negociar em Nova York, onde o investidor não paga impostos. Rose disse que os investidores institucionais de Londres receberam a proposta com um misto de perplexidade e incredulidade. "O mercado considera a intenção do governo uma estupidez porque o Brasil compete com outros mercados onde não há taxação para os estrangeiros", disse. Rose disse não ter dúvida de que o mercado de ações brasileiro vai se transferir para Nova York, repetindo um processo que já ocorreu com o Chile e o México. "É uma pena, porque o Brasil tem na Bolsa de Valores de São Paulo, a mais ativa, a de maior liquidez e a mais profissional de toda a América Latina", disse. Para ele, a proposta de taxação põe em risco a vocação de São Paulo de ser a capital financeira do Mercosul. Rose previu que boa parte dos investimentos acionários nos mercados emergentes vai buscar alternativas fora do Brasil. "Quando se quer manter o interesse por uma opção particular diante de uma alternativa, não se deve dar nunca qualquer vantagem a essa alternativa." Octavio de Barros, diretor técnico da Sobeet, disse que a proposta de taxação do investimento estrangeiro em ações foi anunciada em um "momento inoportuno". "Uma Bolsa de Valores andando de lado não favorece o objetivo do governo de maximizar o preço de venda das estatais no processo de privatização por meio do mercado de ações", disse. (ACS) Texto Anterior: Remessa de lucro neste ano é recorde Próximo Texto: BC pode ficar com ações do Banespa Índice |
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