São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Juiz determina intervenção da polícia para apoiar volta de mãe e filha a SP

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

O juiz Leo McGinity, da Corte Suprema de Nova York (EUA), determinou ontem que a brasileira Jaqueline Andrade Silva, 10, fosse entregue a sua mãe, Rosane Silva, 31, de "qualquer maneira, inclusive contra sua própria vontade."
Há uma semana, o juiz havia concedido à Rosane a guarda de Jaqueline, mas a menina se recusava a deixar o pai, Joel Francisco da Silva, 32, com quem morava num barco ancorado em Long Island (Nova York), há cinco anos.
Para impedir que Joel fugisse com a filha, o juiz determinou que os dois comparecessem às 16h de ontem (19h de Brasília) ao escritório de Nancy Kaiser, nomeada guardiã legal de Jaqueline.
Lá, os dois foram surpreendidos por policiais, que tinham ordem para escoltar Jaqueline até o Aeroporto Internacional JFK, onde Rosane a aguardava.
Mãe e filha deveriam embarcar ontem à noite no vôo da Trasbrasil que sai de Nova York às 21h.
"Quanto antes Jaqueline ficar livre dessa confusão melhor. Ela está muito dividida e é diariamente pressionada pelo pai, que não se conforma em ter perdido a guarda", afirmou Maria Isabel Thomas, advogada de Rosane.
Jaqueline foi para os EUA em setembro de 90. Ela deveria passar as férias com ele e voltar a São Paulo (onde vivia com a mãe) em março de 91, quando começaria a ser alfabetizada.
Mas Joel se recusou a devolver a filha e desapareceu com a menina. "Jaqueline foi raptada e eu fiquei quase um ano sem ouvir a voz dela. Nesses cinco anos, só devo ter tido contato com ela umas 15 vezes", disse Rosane.
Em agosto passado, Joel foi preso por não pagar cerca de US$ 5 mil em multas de trânsito e Rosane foi avisada por parentes dele de que Jaqueline estava sozinha no barco.
No início de outubro, ela entrou com uma ação na Corte Suprema de Nova York, solicitando a custódia da menina. O juiz levou 22 dias para tomar uma decisão.
Jaqueline, que desde o início havia dito que não queria voltar ao Brasil, não aceitou a decisão e se recusou a acompanhar a mãe.
"Ela está assustada porque não lembra de nada no Brasil e esqueceu quase tudo do português. Mas vou colocá-la na Escola Americana para que a adaptação seja menos traumática", afirmou Rosane.

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