São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Concorrência faz lojas reduzirem juros

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A concorrência acirrada entre as lojas está fazendo com que os juros ao consumidor caiam em uma proporção muito maior do que as taxas pagas pelas financeiras para captar o dinheiro no mercado.
Só no último mês, a maioria das lojas reduziu em um ponto percentual os juros do crediário para a venda de eletroeletrônicos.
Enquanto isso, os juros dos Certificados de Depósitos Bancários, uma das balizas das taxas do mercado financeiro, recuaram 0,59 ponto de setembro para outubro, como resultado da perspectiva de uma inflação mais baixa.
"A queda nos juros das lojas é muito mais um esforço de marketing para garantir as vendas do que uma efetiva redução taxas de mercado", diz Manoel de Oliveira Franco, presidente da Acrefi, associação que reúne as financeiras.
Segundo ele, a redução de meio ponto percentual da taxa ao consumidor reflete a queda real no mercado. A outra metade se deve ao fato de as lojas estarem apostando que os juros caiam ainda mais.
É que, com a estabilização, ficou mais fácil comparar preços e o comércio está usando os juros como um novo apelo de vendas.
Prova disso é que a Lojas Cem decidiu baixar de 10% para 9% ao mês os juros do crediário a partir de 1º de novembro, antes mesmo de negociar a redução da taxa com a sua financeira.
"Estamos acompanhando a concorrência", diz Natale Dalla Vecchia, sócio-diretor da rede.
Há uma semana, o Magazine Luiza trabalha com taxas de 9,5% e 10,5% ao mês para os planos de até três vezes e dez prestações, respectivamente.
Antes, os juros mensais eram de 10,5% para o crediário mais curto e de 12,3% para o mais longo.
"Negociamos com a financeira e repassamos a redução nos juros imediatamente para o consumidor", diz João Bosco Cordeiro, gerente do Magazine Luiza.
Também o Mappin, que trabalha hoje com taxas de até 10% ao mês, não descarta a hipótese de reduzir os juros.
"Vai depender do mercado e do comportamento da inadimplência (atraso no pagamento)", diz Lauro Modesto dos Santos Jr., assessor econômico da presidência.
Ele admite que as lojas estão usando a redução dos juros como instrumento de marketing para alavancar vendas.
Mas, na sua avaliação, o juros ao consumidor estão encolhendo em uma proporção maior do que as taxas de captação por causa da redução da inadimplência.
"A queda da inadimplência tem efeito multiplicador na taxa de juros porque diminui não só o risco da operação, mas os custos de cobrança dos inadimplentes."
Em junho, o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) fechou o mês em 4,05% de taxa efetiva. Em outubro ficou em 3,06%. A diferença foi de 0,99 ponto.
No crédito pessoal, que não está atrelado à venda de um bem específico, a taxa média em dez bancos caiu de 9,80% em junho para 8,35% em outubro, uma diferença de 1,45 ponto percentual.

Colaborou a Redação

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