São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995 |
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Nazista tenta anular extradição à Itália
DENISE CHRISPIM MARIN
Enquanto não é deportado, seu advogado de defesa tentará obter a anulação da decisão da Corte Suprema de Justiça argentina, que decidiu a extradição anteontem. O defensor de Priebke, Pedro Bianchi, esteve reunido ontem com colegas em um restaurante de Buenos Aires para discutir a possibilidade de reverter a extradição. Segundo Alberto Luis Zuppi, 44, advogado das embaixadas da Itália e da Alemanha na Argentina, não há possibilidade de anulação da decisão da Justiça. "Bianchi já tentou prolongar o processo o quanto pôde. O resultado, entretanto, acabou sendo contrário, e conseguimos a extradição em 17 meses", afirmou Zuppi. O ex-nazista permanece por enquanto em prisão domiciliar em San Carlos de Bariloche (a 1.600 km de Buenos Aires), onde vive há 48 anos. Segundo o embaixador da Itália na Argentina, Giuseppe Borga, policiais italianos virão buscar Priebke e levá-lo para Roma. Ele será julgado pelo Tribunal Militar por ter participado do Massacre das Fossas Ardeatinas, em 1944. Nesse episódio, 335 civis e militares italianos foram executados com as mãos atadas às costas em represália pela morte de 33 soldados alemães. À lista de execuções original, foram incluídos 15 nomes -5 dos quais foram responsabilidade de Priebke e de Karl Schutze. Priebke admitiu em entrevistas que teria pessoalmente atirado na nuca de dois italianos. "O caso Priebke mostra que há fatos que não são esquecidos, mesmo passados 50 anos. É o que vai ocorrer com os crimes da ex-Iugoslávia", afirmou Zuppi. A defesa -Bianchi e outro advogado italiano- deverá argumentar que Priebke apenas cumpriu ordens em tempo de guerra. Segundo Jorge Ithurburu, 36, secretário da Liga Internacional pelos Direitos dos Povos, de Milão, essa tese tem poucas chances de convencer o Tribunal Militar. "A obediência devida recai para a execução de 320 italianos. Priebke responde pelo assassinato dos cinco italianos que incluiu à lista", afirmou Ithurburu à Folha. (DCM) Texto Anterior: Explosão em fábrica de armas mata 5 na Argentina Próximo Texto: Suspeito do caso Amia acusa policial argentino Índice |
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