São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Guerrilha ameaça presidente colombiano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O grupo terrorista que assumiu a autoria do assassinato do ex-candidato à Presidência da Colômbia Alvaro Gomez Hurtado divulgou ameaças contra o presidente do país, membros do governo e outras personalidades.
Gomez foi morto anteontem, junto com um assessor, ao sair de uma universidade de Bogotá. Um grupo autodenominado "Movimento pela Dignidade da Colômbia" assumiu a autoria da ação.
O mesmo grupo, que pede a renúncia de Samper, assumiu a tentativa de assassinato contra seu advogado, Antonio José Cancino, em 27 de setembro. O presidente está sendo investigado por supostas doações do cartel de Cali para sua campanha presidencial.
Na noite de anteontem, um homem que esperava um ônibus para ir para casa foi sequestrado por três prováveis membros do grupo. Marco Ruiz foi obrigado a ir para um carro e ouvir uma fita com uma mensagem para Samper.
Ele foi libertado perto da cadeia de rádio "RCN" e incumbido de transmitir à emissora um resumo da mensagem dos terroristas.
A mensagem conteria ameaças a Samper, ao ministro do Interior, Horacio Serpa, e ao ex-ministro da Defesa Fernando Botero, preso por envolvimento no escândalo de doações à campanha de Samper.
A emissora não pôde revelar o conteúdo da mensagem. Por causa do assassinato de Gomez, o presidente Samper decretou anteontem estado de comoção interior (emergência), que impede que os meios de comunicação divulguem comunicados ou entrevistas de pessoas ou grupos aos quais se atribuem ações violentas.
A medida também permite que a polícia realize buscas e prisões sem mandado judicial e impeça a circulação de veículos.
O ministro do Interior disse que, após a morte de Gomez, diversas personalidades do país receberam telefonemas com ameaças de morte.
O ex-presidente da Colômbia Alfonso Lopez disse que a ação não objetivou propriamente a morte de Gomez, figura política expressiva, mas decadente.
"Eles não mataram Gomez para eliminá-lo. Foi para colocar em estado de terror a sociedade inteira, e não duvido que o objetivo tenha sido atingido", disse Lopez.
O jornal "El Tiempo", citando fontes do governo, atribuiu o assassinato a ultradireitistas que estariam criando um clima para um possível golpe. Outro ex-presidente, Julio Cesar Turbay Ayala, afirmou que extremistas estariam tentando implantar a "anarquia institucional" no país.
Milhares de estudantes da Universidade Sergio Arboleda, fundada por Gomez e onde ele lecionava, fizeram ontem uma manifestação pelas ruas de Bogotá. Não houve incidentes.
Gomez, candidato do Partido Conservador à Presidência por três vezes, seria enterrado no final da tarde de ontem.

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