São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Saco sem fundo

A partir da crise do petróleo nos anos 70, o Brasil viu-se na premência de pensar em formas alternativas de combustível. O Programa Nacional do Álcool passou então a oferecer, por meio do BB e do extinto IAA, linhas de crédito a plantadores de cana e usineiros, com taxas de juros subsidiadas.
A falta de critérios técnicos para esse financiamento e a defasagem tarifária em certos momentos de vigência do programa acabaram criando um grave quadro de inadimplência, e o endividamento do setor chega hoje à exorbitante somatória de US$ 5 bilhões.
Não obstante, há três meses o governo ofereceu a usineiros de álcool R$ 150 milhões para o cumprimento de compromissos com o crédito agrícola, e analisa agora a concessão de mais R$ 500 milhões, em atenção a pressões dos produtores de cana que consideram insuficiente o último reajuste de 6%.
A manutenção do Proálcool é controversa. Argumenta-se que hoje não se registram mais as mesmas circunstâncias que há duas décadas motivaram o investimento num programa de combustível alternativo e que os recursos agora drenados poderiam ter melhor destino.
Por outro, é necessário honrar compromissos com setores da população que optaram pelo álcool e preservar um combustível que afinal é menos poluente que a gasolina e que pode ainda ser no futuro uma opção para o país.
O problema principal, porém, diz respeito à necessidade de o governo definir os critérios distributivos para atender setores produtivos em situação emergencial -e estes não são poucos. Mas continuar financiando produtores sem garantias é sem dúvida um caminho suicida para as verbas públicas.

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