São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Natureza superprotetora

Apesar da propaganda dos ambientalistas, pesquisadores passaram décadas tentando convencer a população em geral de que a Amazônia não é o pulmão do mundo. Baseavam-se, principalmente, no modelo segundo o qual ecossistemas maduros produzem tanto oxigênio quanto consomem.
Estudo publicado no último número da revista "Science" sugere que a Amazônia pode realmente estar ajudando o globo a respirar, talvez nem tanto como um pulmão, mas mais como uma cloaca.
Medições realizadas por pesquisadores em áreas intocadas da floresta indicam que ela vem absorvendo mais gás carbônico do que o esperado pelo modelo. Isso indicaria que a floresta está crescendo ou tornando-se mais produtiva, ao fixar carbono orgânico ao solo.
Aqui abrem-se duas hipóteses: ou bem o modelo estava errado, ou então os ecossistemas maduros estão se adaptando para responder a mudanças no meio ambiente.
Há um dado que reforça a segunda hipótese. Medidas da emissão de gás carbônico pela queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão) indicam um déficit de 2 bilhões de toneladas desse gás, que foram despejados, mas não são encontrados na atmosfera.
Um dos pesquisadores, Antônio Miranda, da UnB, aventa a possibilidade de que o sistema pode estar tentando minimizar os danos que o homem causa ao ambiente, mas alerta para o fato de esse processo não poder durar infinitamente.
Se o modelo estava correto e foi alterado pela ação do homem, então é preciso parar para refletir. Como qualquer outra mãe, a natureza não poderá responder para sempre pelos erros do mais irresponsável de seus filhos: nós.

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