São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Preços dos aluguéis caem e favorecem inquilinos em SP

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os preços iniciais de imóveis residenciais ofertados na cidade de São Paulo perderam o fôlego e, desde julho, foram registradas até quedas, o que dá algum poder de barganha aos inquilinos.
O Ipevemar, índice que mede os preços, divulgado pela Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), teve queda de 13,50% de julho a setembro e se estabilizou em outubro.
Um apartamento de dois quartos na região 5 da pesquisa (inclui, entre outros, bairros como Cambuci, Vila Buarque e Penha), para cujo aluguel era pedido preço inicial médio de R$ 730,00 em junho passado, estava em R$ 670,00 no mês de outubro.
Em relação a outubro de 94, quando o preço médio era de R$ 460,00, a alta até o mesmo mês de 95 atingiu 45,65%. De junho para outubro de 95, entretanto, houve redução de 8,22%.
Mais oferta
Isso demonstra que proprietários e imobiliárias não estão conseguindo alugar os imóveis pelos preços pretendidos. Já enfrentam a lei da oferta e da procura.
Em setembro e outubro, a estimativa era de uma oferta de 8.000 unidades, contra 3.000 um ano atrás. Em maio de 95, ainda eram oferecidos 3.800 imóveis. Foi nos últimos cinco meses, portanto, que a oferta praticamente dobrou.
Esse período coincide com a fase em que a economia registrou crescimento do desemprego na indústria e da inadimplência (atraso de pagamento) no comércio.
Pesquisa da Hubert Imóveis, também sobre preços iniciais de imóveis residenciais, mostra que, no período de um ano, a redução foi maior nos apartamentos de um dormitório e menor nos de quatro. E a queda nos apartamentos de três dormitórios foi menos intensa do que nos de dois.
Embora os aluguéis ainda estejam em patamar relativamente elevado, o aumento da oferta não deixa de favorecer os inquilinos.
A pesquisa divulgada pela Aabic, realizada pela Câmara Paulista de Avaliações e Perícias, coleta informações sobre preços em imobiliárias e classificados de jornais.
Assim, como não retrata valores efetivamente contratados, a própria Aabic admite que os preços podem ser ainda mais baixos. Tudo depende da negociação antes de assinar o contrato.
Se o imóvel permanece vago porque o preço pedido afasta os interessados, o proprietário deixa de receber aluguéis mensais e arca com despesas. No caso de apartamento, precisa pagar, por exemplo, o condomínio.
Essa situação tende a aumentar o poder de barganha do inquilino, tanto na hora de alugar quanto na de renovar o contrato.
Todos esses dados devem ser colocados na mesa de negociação, aconselham inclusive representantes do setor imobiliário.
Quando um contrato chega ao fim e o inquilino pode se ver diante da "denúncia vazia", pela falta de acordo sobre preço, é comum um imóvel do mesmo padrão, até no mesmo edifício, estar sendo ofertado a valor mais baixo. É um forte argumento do inquilino na hora de negociar.

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