São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Bancos mexicanos recorrem às fusões

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

Nesta semana veio a público a terceira operação de fusão entre bancos mexicanos e estrangeiros deste ano. O canadense "Bank of Nova Scotia" vai comprar 51% do grupo mexicano Inverlat, por valor ainda não divulgado.
Desde janeiro, os bancos mexicanos estão tendo que recorrer a fusões e recursos públicos para sobreviver à maior crise que já afetou o sistema financeiro do país.
Os outros dois casos de fusão foram com bancos europeus. Em julho, por US$ 350 milhões, o banco espanhol Bilbao Vizcaya comprou 70% das ações do banco mexicano Probursa e o Banco Comercial Português (BCP) adquiriu 10% do capital do Bital, por cerca de US$ 50 milhões.
"Para bancos que receberam dinheiro público, o resultado é impressionante", afirma a economista Consuelo Blanco. No caso do Serfin, o volume de créditos em liquidação em 1994 era de 98% do patrimônio líquido. Após a ajuda do governo, a proporção baixou para 37%.
Apesar das queixas de sindicalistas e empresários de que o governo dá ajuda excessiva aos bancos, o Ministério da Fazenda argumenta que a credibilidade do sistema financeiro é indispensável.
O principal problema que afeta os bancos mexicanos desde o início da crise é a inadimplência.
As altas taxas de juros, ocasionadas pela desvalorização do peso, impedem que os clientes paguem suas dívidas. Com isso, o volume de créditos em liquidação chegou a US$ 16 bilhões em setembro, 15% da carteira de créditos de todo o sistema financeiro mexicano.
Em outubro, esse volume apresentou, pela primeira vez, pequena diminuição de 1,3%, resultado do ADE, programa de apoio a devedores, instituído conjuntamente por bancos e governo.
Como efeito da crise, os quatro bancos que já publicaram o balanço trimestral de setembro (todos estão entre os dez maiores do país) apresentam queda nos lucros.
O Banamex (maior do país) teve lucro de US$ 228,3 milhões de janeiro a setembro, 10% menos do que no mesmo período de 94.
O Bancomer (segundo maior) teve queda de 42% nos lucros e, no caso dos bancos menores, os resultados são ainda piores.

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