São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
Texto Anterior | Índice

Espiões podem evitar fraudes bancárias

JILL TREANOR
DA "REUTER"

Plantar espiões nas instituições financeiras pode ser a melhor maneira de combater operações ilegais, como as cometidas por Nick Leeson, operador do banco britânico Barings em Cingapura, ou Toshihide Iguchi, da filial de Nova York do banco japonês Daiwa.
Os "arapongas", colocados na empresa pelos dirigentes, iriam ficar de olho na maneira como os negócios são feitos -muitas vezes espalhafatosamente e envolvendo milhões de dólares todo dia- para evitar aberrações.
"Se ouvimos rumores de que alguém está tomando um porre toda noite ou se notamos que a situação financeira de alguém mudou do dia para a noite, para melhor ou para pior, alguma coisa está acontecendo", diz Jules Kroll, "chairman" da norte-americana Kroll Associates, famosa pelas inspeções no World Trade Center depois do atentado terrorista de 93.
"O que algumas empresas, mais conscientes que as outras, podem faze, é colocar espiões no nível mais baixo das operações e não esperar que os problemas apareçam nos níveis superiores", diz Kroll.
Solidão
Nick Leeson foi culpado pela maior parte do prejuízo de US$ 1,4 bilhão que levou o Barings à falência em fevereiro.
Para Kroll, há muitas semelhanças entre Leeson e Iguchi, do Daiwa, cujo prejuízo ficou em US$ 1,1 bilhão.
Os dois estavam distantes das matrizes de seus bancos, trabalhando de maneira estressante e se sentindo vulneráveis e solitários.
Segundo Kroll, muitas vezes os vendedores têm atitudes infantis na hora de comemorar um sucesso. "Esse tipo de atitude, contida pelos superiores, corre solta nas filiais distantes."
"Minha sugestão às empresas é que elas façam mais pelos empregados, quanto mais longe eles estiverem", diz Kroll. Ele recomenda checagens periódicas das credenciais dos funcionários.
"É preciso ter maior controle sobre pessoas a quem você confia seu dinheiro", diz Kroll.
Sua empresa está planejando lançar um banco de dados mundial de operadores, no qual as instituições possam checar e procurar currículos.

Texto Anterior: Argentina estimula concentração
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.