São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Preço de custo facilita compra de imóvel

Pesquisar preços e condições é um exercício de cidadania

SAMIR DICHY

As informações sobre a conjuntura econômica se mostram cada vez mais contraditórias, e o consumidor está confuso. O segmento dos apartamentos de luxo ignora ou não os efeitos da recessão?
É interessante, mas as duas situações vêm ocorrendo no setor da construção civil, importante termômetro do aquecimento ou da desaceleração da economia.
As vendas arrefeceram em quase todos os setores, mas muito menos naquele que atende a classe A. A diferença de resultados para cada empresário, entretanto, está na estratégia de venda adotada.
Quem negocia seu empreendimento a preço fechado enfrenta problemas. Nessa opção estão embutidas todas as possibilidades de risco -expectativa de aumento de preços do material da construção, mudanças na condução do Plano Real e até a volta da inflação.
Está menos exposto às intempéries aquele que vende pelo chamado preço de custo, opção que reúne várias vantagens. A principal: permite fugir dos financiamentos e dos altos juros bancários.
A incorporação do empreendimento é pulverizada entre investidores e usuários finais. Cada um paga sua parte em cotas mensais e, até o término da obra, o investimento total estará zerado e o lucro garantido pelo custo real da construção, acrescido de uma taxa de administração. Deixam de existir, portanto, a despesa financeira e a tradicional taxa de risco, o que possibilita que o imóvel seja negociado a um preço inferior. A economia nesses casos pode variar entre 10% e 40%. O sistema exige um período para quitação do empreendimento menor do que um financiamento bancário convencional ou mesmo do que o parcelamento direto com a construtora.
A conjuntura favorece as vendas pelo preço de custo, mas, ainda que estivéssemos em pleno processo inflacionário, é preciso avaliar outros fatores. Como o sistema que facilita o controle das despesas por parte do comprador, rotina cada vez mais estimulada em qualquer atividade. Pesquisar preços e condições é hoje um exercício de cidadania.
No preço de custo, o produto sai pelo "preço real de custo", sem gordura, sem vantagens ou índices de prevenção embutidos no preço final. Situação semelhante pode ocorrer em outros setores.
"Baixa o preço que a gente compra", diz uma propaganda veiculada recentemente, referindo-se a vendas superiores a US$ 3 bilhões na Fenasoft.
O empresário brasileiro deve se acostumar aos novos tempos. O consumidor está esperto e fazendo exigências a que tem direito, no momento de adquirir um bem. E, certamente, existe muita gordura a ser queimada em cada segmento da economia, com raras exceções.
É disso que o leitor precisa ser esclarecido. Os setores oligopolizados, alguns em processo de globalização, realizam as margens de lucro que desejam e demitem caso não possam fazê-lo. Médios e pequenos empresários não têm como acompanhá-los e quebram. Quem perde é a sociedade. Mas esse círculo pernicioso aos poucos será rompido. O país amadurecerá, e só lamento que, mais uma vez, os que podem menos sofrerão mais.

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