São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Atrasos aumentam a conta dos vizinhos

DA REPORTAGEM LOCAL

As despesas do condomínio são rateadas entre os moradores. Por isso, se um não as paga em dia, quem perde são seus vizinhos.
No edifício Cheverny, por exemplo, que fica no Real Parque (zona sul), uma das moradoras não paga o condomínio há mais de quatro meses. Sua dívida com o condomínio já ultrapassa R$ 10 mil, segundo o síndico do prédio, Thomaz Heitor Soubihe, 48.
Esse é um dos motivos porque, segundo o Datafolha, o condomínio dos apartamentos do Cheverny foi, em outubro, o mais caro para apartamentos-tipo (que não são cobertura) em São Paulo: R$ 923.
Esse não-pagamento é mais grave porque os custos do prédio são rateados entre poucos moradores.
Ao todo, há apenas sete apartamentos no edifício, todos com quatro dormitórios. O condomínio está processando a moradora.
"Em novembro, nosso custo vai aumentar devido ao pagamento da primeira parcela do 13º salário dos funcionários", diz Soubihe.
O pagamento dos cinco funcionários do prédio chega a 60% do total dos gastos. Os salário vão de R$ 260 a R$ 600.
Um exemplo oposto serve para mostrar como a mão-de-obra influencia os gastos do condomínio.
No edifício Itapeva, que fica em Cerqueira César (região central), há apenas uma faxineira, que trabalha uma uma vez por semana e recebe R$ 25 por dia de limpeza.
O condomínio custa R$ 10. É o mais barato de São Paulo, segundo o Datafolha.
A síndica do edifício, Frida Fontana, 71, explica que isso é possível porque o prédio tem só dois andares e 12 apartamentos e não possui porteiros (o acesso é controlado por interfone) nem elevadores.
O edifício foi construído em 1948 e os apartamentos são espaçosos, com dois, três ou quatro quartos.
"Além da faxineira, só temos despesas com materiais de limpeza", conta Frida, que já está há 25 anos no cargo.
O pagamento é simples. A síndica fixa em um painel quanto o condomínio gastou no mês e os moradores levam o dinheiro na sua casa.

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