São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995 |
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Ópera comemora centenário Brasil-Japão
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
Autores: Ikuma Dan e Junji Kinoshita Regência: Kazuhiko Komatsu Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 011/222-8698) Quando: hoje, às 20h, e amanhã, às 21h Quanto: R$ 80 (camarote), R$ 60 (frisa), R$ 50 (platéia), R$ 40 (balcão nobre), R$ 30 (balcão simples), R$ 25 (foyer), R$ 20 (galeria) e R$ 12 (anfiteatro) A montagem da ópera "Yuzuru" pela Japan Music Drama Society faz hoje sua estréia no Teatro Municipal, em São Paulo. O evento integra as celebrações do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão, assinado na França em 5 de novembro de 1895, há exatamente 100 anos. Segundo a presidente da companhia, Hiroko Yamada, esta é a primeira vez que a ópera é apresentada na América do Sul. O espetáculo já teve mais de de 600 apresentações no Japão, Alemanha, Estados Unidos, China, Tailândia, Taiwan e Filipinas. Depois de duas apresentações em São Paulo, "Yuzuru" segue para o Teatro Municipal do Rio, onde encerra a turnê brasileira com um espetáculo no dia 10. A música erudita ocidental foi introduzida no Japão há cerca de cem anos. Em 1920, o compositor Kosaku Yamada, autor da primeira sinfonia japonesa, criou a Japan Music Drama Society para divulgar a música erudita no país. "Yuzuru" é uma das óperas mais populares da música japonesa e foi composta pelo maestro Ikuma Dan no final da década de 40. Nesta época, o Japão atravessava uma fase difícil, de reconstrução do país após sua derrota na 2ª Guerra Mundial. O libreto, escrito por Junji Kinoshita, foi inspirado em uma fábula tradicional. A ópera conta a história de Tsu, uma ave que, por gratidão, se casa com o camponês que salvou sua vida. Para satisfazer o marido, Tsu faz valiosos tecidos com suas penas, despertando a ganância do camponês. Para descobrir seu descobrir seu segredo, o camponês espia a grua trabalhando e ela resolve abandoná-lo. O maestro Kazuhiko Komatsu explica que seu maior interesse é mostrar aos brasileiros que o Japão não tem só um forte poder industrial. "Quando o Japão não for mais tão rico, ele então será conhecido por essas coisas maravilhosas". Ele afirma que trouxe os melhores cantores e técnicos que trabalham atualmente no Japão para as apresentações no Municipal. A soprano Katsura Nakazawa, que participa hoje da estréia, já representou Tsu mais de 300 vezes para o público japonês, ao lado do barítono Yoshinobu Kuribayashi, que faz o papel de um comerciante interessado em revender os valiosos tecidos. Os espetáculos terão ainda a participação de uma orquestra de músicos brasileiros e do coral infantil Eco, de São Paulo. Komatsu disse que o primeiro ensaio com o coral, domingo passado, foi "fantástico". "Vou me dedicar com entusiasmo para que eles possam transmitir a alma da música japonesa". Admirador de compositores brasileiros, ele explica que recentemente a música erudita brasileira começou a ser tocada com mais frequência no Japão e que o público em geral está descobrindo as obras de Heitor Villa-Lobos. "Existe hoje uma tendência em se descobrir a música erudita de países ocidentais como o Brasil, cujos compositores ainda não são muito conhecidos no Japão", diz o maestro. Texto Anterior: Cidade carece de restaurantes portugueses Índice |
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