São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Premiê liderou a paz com palestinos

DA "REUTER"

O premiê de Israel, Yitzhak Rabin, 73, assassinado ontem, assinou um acordo dando grande parte da Cisjordânia aos palestinos em setembro e é visto como traidor por líderes judeus radicais.
Ele também é odiado por radicais palestinos que o acusam de dar a luz verde para o assassinato, em outubro, de Fathi Chqaqi, líder do grupo terrorista Jihad (Guerra Santa) Islâmica, que se opõe à paz entre Israel e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina).
Rabin já foi chefe do Exército e dividiu com o líder da OLP, Iasser Arafat, o Prêmio Nobel da Paz de 1993. No ano passado, ele assinou um tratado de paz com a Jordânia, depois de 46 anos de conflitos entre os dois países.
Em 1967, Rabin, o “guerreiro”, levou Israel à vitória na Guerra dos Seis Dias, contra a Jordânia, o Egito e a Síria. Israel passou a comandar os palestinos na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
Rabin chegou ao poder em 1992, prometendo acelerar os movimentos para a paz. Mais pragmático do que visionário, ele disse que Israel precisava tomar apenas riscos calculados. Ele prometeu remover “barreiras psicológicas”.
Foi um choque para o seu povo que ele tenha aprovado o acordo com a OLP, uma organização que Israel sempre considerou inimiga.
“O que podemos fazer? A paz não se faz com amigos, mas com inimigos”, disse Rabin.
Quando Rabin apertou as mãos de Arafat na Casa Branca, em 13 de setembro de 1993, para celebrar acordo de paz, críticos o acusavam de quebrar suas promessas.
Rabin nasceu em Jerusalém, na então Palestina controlada pelo Reino Unido, em 1922.
Ele se juntou ao Exército aos 18 anos. Depois da Segunda Guerra Mundial, ele ajudou a libertar imigrantes judeus ilegais na Palestina e, em 1946, o Reino Unido o prendeu por seis meses na faixa de Gaza por causa do crime.
Rabin deixou o Exército em 1968, 27 anos depois, para entrar na vida pública, primeiro como embaixador em Washington e, de 1974 a 1977, como o único “sabra”, premiê nascido em Israel.
Seu primeiro governo caiu por causa do escândalo de uma conta ilegal de sua mulher em um banco estrangeiro, mas ele ganhou o cargo de ministro da Defesa em 1984, em governo de coalizão.
Quando os palestinos lançaram a Intifada, sublevação contra Israel, em 1987, Rabin respondeu com política de “punho de ferro”.
Prometeu acabar com a Intifada com força, poder e violência.

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