São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Medicina, alimentação e o Plano Real

ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES

No início da década de 60 Linus Pauling já defendia a tese de que uma boa saúde depende principalmente de mantermos as moléculas de nosso organismo em constante equilíbrio.
Quando esse equilíbrio é rompido, resulta uma desorganização molecular e, como consequência disso, adquire-se uma doença.
Modismos são comuns nos dias de hoje, mas creio que esse princípio de medicina ortomolecular, associado intimamente a conceitos da oxidologia, fez com que a ciência tenha ganho vários pontos no prolongamento da vida.
Nos países mais desenvolvidos a vida média já está bem acima dos 70 anos. No Japão é de 75 para os homens e 81 para as mulheres. Na Suécia, 74 e 80; nos Estados Unidos, 72 e 79, respectivamente. Até mesmo no Brasil ela saltou de 56 e 58, em 1960, para 62 e 68, em 1990.
O prolongamento da vida decorre de pesados investimentos em infra-estrutura (saneamento, água potável, esgoto tratado, vacinação pontual) e de hábitos regrados e alimentação adequada.
Acabo de ler dois livros sobre o assunto (Kenneth Coopers, "The Antioxidant Revolution", 1994 e Jean Carper, "Stop Aging Now", 1995) que especulam sobre a tão sonhada "pílula da eternidade".
Os dois concluem que muitos dos seus ingredientes já estão disponíveis à humanidade. Vencidos os obstáculos de infra-estrutura, ganham importância os exercícios leves, as dietas balanceadas e o uso de vitaminas estratégicas para a saúde humana tais como: A, B, C e E.
Aplicadas aos países mais pobres, tais recomendações sempre esbarraram no reduzido poder de compra das populações carentes. O Brasil nunca foi exceção.
Os dados mostram, entretanto, a ocorrência de uma verdadeira revolução alimentar no Brasil pós-Real. Com o aumento de poder de compra dos grupos mais pobres, o consumo agregado de arroz, feijão e farinha manteve-se praticamente estável enquanto que o consumo de frango, massas, leite, laticínios, frutas e verduras explodiu.
Isso é um bom sinal -muito bom mesmo! Ele indica uma melhoria substancial do padrão alimentar dos que mais precisavam melhorar. Vejamos por que.
Como fontes de vitamina A: principalmente as verduras, com especial destaque para a cenoura, espinafre e brócolis; de vitamina C: as frutas de maneira geral, entre elas a acerola, laranja e limão; de vitamina E: o leite, seus derivados e trigo.
As listas são muito coincidentes. Ou seja, o Plano Real fez aumentar o consumo dos alimentos mais recomendados.
Essa é uma grande contribuição à melhoria da alimentação e da própria vida das populações mais pobres e de que poucos se aperceberam.
Está provado que uma moeda estável, acoplada a uma boa política agrícola, tem um impacto fantástico na melhoria da saúde da nossa população.

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