São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fisco e Serpro travam guerra de dados

ANA MARIA MANDIM
DA ENVIADA ESPECIAL

Há uma guerra de argumentos entre a Receita e o Serpro sobre a infra-estrutura tecnológica e os processos de organização da administração tributária.
Para a Receita, não basta descentralizar a base de dados e instalar redes locais para agilizar o atendimento e gastar menos.
O órgão ambiciona dar ao contribuinte um tratamento individual, como o que ele recebe da rede bancária. "Ao apertar o botão do microcomputador, queremos ter a ficha completa do contribuinte", diz Pedro Luiz Gonçalves Bezerra, coordenador de tecnologia e sistemas de informática.
Hoje, os arquivos da Receita estão organizados por tributo. Para obter o dossiê do contribuinte, os arquivos têm de ser consultados um a um, o que torna a operação demorada e complicada.
Um agravante é que os microcomputadores instalados pelo Serpro na Receita não permitem aos auditores fiscais trabalhar os dados e conseguir informações diferentes das que aparecem na tela.
Os "terminais burros", como são apelidados, fornecem resposta a uma consulta específica. O que aparece na tela pode ser impresso e nada mais.
"Preciso de um sistema flexível, que me permita tratar os dados para obter mais informações", diz Bezerra.
Nabuco Francisco Barcelos da Silva, diretor do Serpro para negócios com a Receita, afirma que não existe, hoje, tecnologia disponível para garantir a operação segura de um sistema descentralizado, citando o parecer do Gartner Group, consultora norte-americana independente da área de informática, mundialmente respeitada.
Ele também rejeita a idéia de substituir a digitação das informações contidas nas declarações de rendimentos pela leitura ótica feita por "scanners", aparelhos que lêem documentos instantaneamente. "Eles só são úteis para declarações datilografadas", diz.
Os funcionários da Receita afirmam que a digitação é uma das maiores causas da grande quantidade de erros na captura dos dados do contribuinte, ao lado dos equívocos no preenchimento.
E lembram que os Correios usam a leitura ótica para processar o CEP (Código de Endereçamento Postal), comumente preenchido à mão pelo usuário.
O Serpro queixa-se de que a Receita não sabe definir que tipo de informação quer. A Receita replica que o Serpro não tem condições nem de atender à demanda conhecida. (AMM)

Texto Anterior: Projeto prevê modernização
Próximo Texto: Acordo não impede ocupações na região
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.