São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Graziano espera apoio do MST

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MIRANTE DO PARANAPANEMA

O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Francisco Graziano Neto, 42, declarou à Agência Folha que pretende resolver de forma prioritária a situação dos sem-terra acampados pelo Brasil.
Os acampados são, em sua maioria, famílias que invadiram terras nos últimos anos, acabaram sendo despejadas pela Justiça e agora reivindicam assentamento.
Ele critica as "posturas radicais" como invasões de terras, defendidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Graziano falou à Agência Folha durante sua visita, no sábado, ao Pontal do Paranapanema.

Agência Folha - Qual é a meta do governo federal?
Francisco Graziano - Nossa meta é oferecer terras para 280 mil famílias em quatro anos de governo. Temos também que resolver o problema das famílias que estão acampadas em várias regiões.
Agência Folha - Em quanto tempo o senhor pretende acertar o problema dos acampados?
Graziano - Eu poderei dizer ao país em 30 dias que 80% das famílias que estão há anos esperando a sua chance terão a sua chance.
Agência Folha - O Incra pretende ouvir o MST?
Graziano - O Incra vai ouvir sempre o MST, assim como qualquer outra entidade preocupada com a questão da terra, esperamos o apoio. Todos são parceiros.
Agência Folha - O senhor espera contar com o apoio do PT?
Graziano - Eu não espero contar com o apoio incondicional de ninguém. Eu espero contar com o apoio daquelas pessoas que, sejam do PT ou de outros partidos, acreditam que o nosso governo vai realizar uma tarefa histórica.
Agência Folha - O que o senhor acha da estratégia de invasão de terra?
Graziano - Eu acho que qualquer processo que não seja democrático dificulta a reforma agrária. Eu prefiro o caminho do diálogo.
Agência Folha - Como o senhor vê o papel de José Rainha Jr., líder do MST?
Graziano - O Rainha é um dos líderes do MST. Vejo a posição dele com muito respeito, embora divirja da forma como ele pretende acelerar a reforma agrária.
Agência Folha - O Incra pode ser um elemento intermediador na situação dos líderes do MST que tiveram suas prisões decretadas pela Justiça?
Graziano - Esse assunto está totalmente entregue ao Poder Judiciário. Dentro do governo, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, é quem está cuidando desse assunto.

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