São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995 |
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Acordo não impede ocupações na região
JOSÉ MASCHIO
Pelo acordo, o MST se comprometeu a não organizar invasões na região, em troca do assentamento de 2.100 famílias até junho do próximo ano. O MST, porém, não tem controle sobre todos os trabalhadores sem terra da região. Muitos deles são "independentes" -não subordinados ao movimento. Ontem, no acampamento instalado na rodovia que liga Sandovalina a Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo), a Agência Folha apurou que as lideranças do movimento analisam a possibilidade de não permitir o ingresso de novas famílias no acampamento. O temor entre os líderes regionais do MST é que o anúncio do acordo provoque uma corrida de sem-terra até o acampamento, tentando garantir a inclusão nos assentamentos prometidos. Claudemir Marques Cano, responsável pelas finanças do MST, disse que é "consenso" entre as lideranças respeitar o acordo de não invadir novas áreas "desde que o governo comece logo a cumprir a sua parte". Segundo ele, no final deste mês já se poderá sentir "a disposição do governo, com a liberação do total de dinheiro para custeio". Ele afirmou que, caso o dinheiro não seja liberado, as invasões serão retomadas. Ruralistas O presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente (SP), Sigeyuki Ishii, 56, criticou o acordo feito entre Covas e o MST. Ishii disse que o governo paulista deveria ter aceito "a proposta dos proprietários rurais, que é mais racional". Ele defende que o governo paulista "centralize os assentamentos em uma só área, para racionalizar os custos com infra-estrutura". A proposta do Sindicato Rural de Presidente Prudente, que tem 2.500 proprietários rurais associados, é que cada dono de fazenda em litígio pague 25% do valor da área ao Estado. Com isso, diz, "o governo teria um fundo para assentar as famílias em uma só área, com um custo menor para o Estado". O governo diz que parte das terras no Pontal é devoluta e pertence ao Estado de São Paulo. A Justiça já reconheceu essa situação com as terras do chamado 11º Perímetro, área onde se encontra o município de Mirante do Paranapanema. Com isso, os ocupantes das terras não são considerados pela Justiça seus donos. A proposta foi recusada pelo governo. Segundo o secretário Belisário dos Santos Júnior (Justiça), a proposta "esbarra na lei". Ishii afirmou que o acordo com o MST vai exigir "mexer em pelo menos 15 fazendas, pulverizando os assentamentos e aumentando os gastos de dinheiro do povo". Texto Anterior: A história ao vivo Próximo Texto: MST faz exigências a Graziano no Pará Índice |
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