São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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A história ao vivo

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi o choque ao vivo, pela televisão, dos dois caminhos contraditórios do mundo hoje. A CNN, toda vez que acontece a história, é sempre fascinante. Expõe crua, dramaticamente, a realidade como tragédia.
Nenhuma outra rede jogaria no ar uma hora da programação de outra rede, em hebraico, só com tradução simultânea. Foi o que ocorreu ontem com a CNN e o canal 2 israelense.
Só assim para saber que, no exato momento do assassinato, os alto-falantes tocavam alto na manifestação, nos ouvidos do primeiro-ministro, a versão de uma música de Jorge Ben Jor. A canção que diz, no original, que o país é "abençoado por Deus". Era um ato pela paz, daí talvez a escolha.
Mas abençoado por Deus certamente não era a melhor descrição para Israel, como se viu, também pela cobertura da CNN. Foram quase sempre duas reações contraditórias, nas entrevistas e declarações.
Uma reação internacional de dor e de fraternidade. E outra interna, de políticos e membros do governo, de recriminação, acusações, de conflito aberto. Daí o temor da guerra civil, que os âncoras acabaram por abordar abertamente.
As cenas eram inteiramente diversas. O presidente Bill Clinton fez breve discurso com voz embargada, parando para não chorar. Henry Kissinger não se conteve e chorou, para a consternação da âncora.
Como eles, surgiu abalado o líder dos palestinos, Iasser Arafat. Também o papa, e o primeiro-ministro da Rússia, o rei da Jordânia -por telefone. Era a voz do mundo.
A voz do país foi outra. Os governistas responsabilizaram a oposição, por sua "retórica" de violência. Os oposicionistas negaram as acusações -uma vez em tom agressivo- e não recuaram um passo dos ataques feitos ao processo de paz.
Nada mudou, com a morte de Yitzhak Rabin.
União interna
No Brasil, o rabino Henry Sobel, abalado com a morte de um líder judeu pelas mãos de um judeu, deixou ontem uma mensagem, quase um pedido, no programa Mosaico:
- Oxalá a tragédia sirva de catalisador para unir os judeus. É isso que precisamos. Unir os judeus de direita, de esquerda, ortodoxos, liberais. Render um tributo à memória de Rabin, através da nossa união interna.

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