São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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'Professor' dá dicas sobre carta de amor

Ele é especialista em frases bonitas

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na primeira carta que manda para uma namorada por correspondência, o preso não deve revelar a "bronca" -na linguagem da cadeia, o crime pelo qual foi condenado.
O ensinamento é de José Dias de Lima, 55, o "professor", formado em ciências contábeis e condenado por desvios fiscais. Ele se especializou em escrever cartas para os companheiros que procuram namoradas -uma espécie de "ghost-writer".
"Só preciso do nome e da idade da moça." Para ele, o importante é conseguir uma primeira resposta. "Uma carta sua, mesmo sendo negativa, será para mim um oásis nesse deserto", costuma escrever.
Aos poucos, nas correspondências seguintes, fala da importância da sinceridade e vai revelando a "bronca". "Sempre escrevo que quero me regenerar, que me arrependi."
A troca de fotos é fundamental. "Se o rapaz é bem apessoado, não vão faltar namoradas."
Porém, há quase um mês, os namoradores da Detenção não conseguem fotos para enviar. O fotógrafo da cadeia teve de ser transferido às pressas para outro presídio, ameaçado de morte.
O fotógrafo era Erivaldo R., o "maníaco das calcinhas", condenado sob acusação de quase 20 estupros. Tinha amizade com os presos, que pagavam com maços de cigarro as fotos que ele tirava.
Até que, há um mês, descobriu-se que ele vinha fotografando, às escondidas, as mulheres que visitavam os presos.
(AB)

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