São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Detentas não têm direito a visita íntima

DA REPORTAGEM LOCAL

As mulheres ainda não têm direito ao sexo atrás das grades. As visitas íntimas, permitidas aos presos há quase dez anos, continuam proibidas nas prisões femininas.
Só na Casa de Detenção, 14 mil mulheres estiveram no pavilhão dos presos para visitas íntimas. Nesse período, as 2.700 mulheres presas no Estado nunca puderam receber homens nas celas.
O "amor atrás das grades" já virou bandeira de padres, médicos e delegados.
"As presas têm as mesmas necessidades e os mesmos direitos que os homens", diz o padre Francisco Reardon, coordenador da Pastoral Carcerária. "A visita íntima humaniza a cadeia e mantém os laços familiares."
Na Casa de Detenção, os presos podem receber mulheres, mas só podem trocar de mulher a cada seis meses. "Quando cheguei aqui, em 86, a Detenção era uma zona de meretrício", diz Luiz Philippe Florence Borges, que pela terceira vez comanda a Detenção. "Acabamos com isso."
Manoel Schechtmann, diretor de saúde do sistema penitenciário, não vê razões para a discriminação. "Do ponto de vista médico, não há diferença de riscos e de direitos entre homens e mulheres."
A preocupação é com a gravidez. "Quem será o responsável pelas crianças nascidas no presídio senão o Estado?", diz o diretor.
Sueli Paixão Rega, diretora do presídio feminino do Tatuapé, acha que as mulheres têm o mesmo direito, mas também se preocupa com a gravidez. "Teríamos que colocar anticoncepcional na caixa d'água."
O uso da camisinha teria que ser obrigatório. Entre as mulheres presas no Tatuapé, 45% são portadoras do vírus da Aids.
Diferentemente dos presídios femininos, onde os visitantes não podem ir às celas, nos distritos policiais as presas improvisam encontros íntimos. Durante as visitas, elas vedam as grades com cobertores e ficam no pátio, cedendo a cela para aquela que tem marido ou companheiro.

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