São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Terrorismo possui proposta teológica

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Um milhão de árabes não valem a unha de um judeu". A afirmação, feita há dois anos pelo rabino Yaacov Perrin, reflete o extremismo insensato da minoria israelense que se opõe a qualquer concessão aos árabes palestinos.
Israel, para os integrantes desses grupos, é apenas a fachada de um Estado moderno que deve corresponder ao perímetro geográfico da Terra Santa, tal qual ela foi descrita pelos textos sagrados.
A fundamentação dessa minoria é bem mais teológica do que política. Em nome de direitos sagrados que beneficiariam apenas os judeus, é virtualmente impossível conceber a cessão de uma mínima parcela da Judéia e Samaria.
Essa mentalidade contradiz a idéia de convivência pacífica, defendida pelos sionistas que emigraram para a Palestina nos anos 20 e 30. As guerras de 1948, 1967 e 1973, que ameaçaram a sobrevivência de Israel, prejudicaram o ideal de fraternidade.
A principal expressão política dos extremistas é o partido Kach, criado pelos seguidores do rabino Meir Kahane, assassinado em Nova York em 1990.
A base de operações do partido está em Hebron (Cisjordânia), cidade que deve ser entregue à administração palestina, mas é exceção à regra que estipulou a retirada de todos os militares israelenses de zonas urbanas em terras árabes.
Com intensidade diversa, as idéias do Kach encontram simpatizantes no Likud, o grande partido da direita israelense.
Os simpatizantes também estão, de forma mais aberta, na Universidade Bar Ilan, de onde saiu o suspeito pelo assassinato de Rabin.
Antes da morte do primeiro-ministro, acreditava-se que o terrorismo dos extremistas judeus continuaria a privilegiar como alvo civis palestinos ou, num plano mais ambicioso, dirigentes da OLP.
Nos início dos anos 80, em episódio isolado, um desses terroristas atirou uma granada de mão numa passeata do movimento pacifista judeu Paz Agora. Um pacifista morreu.
Em 1981, dois atentados cometidos por esses extremistas mataram 15 árabes em Hebron, onde morreriam outros 43 no maior dos atentados, em 1994.

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