São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Corruptolândia

A fraude em licitações públicas para compra de passagens, montada por agências de viagem de Brasília e revelada por esta Folha, é mais um produto da imaginação criadora que parece aquinhoar tão generosamente os que trafegam nas imediações do poder.
As agências de Brasília formaram um "Clube de Negócios de Turismo", com mais de 30 filiados, que se reúne às vésperas das licitações para combinar quem ganhará e, simulando normalidade, distribuir entre os sócios uma parcela dos recursos contratados, possivelmente superfaturados por conta dos custos de manutenção do "clube".
Os ganhadores participam de um rodízio. Como a demanda do governo por passagens é contínua e relativamente estável, o cartel teria pouco com que se preocupar.
Não é o primeiro e provavelmente não será o último esquema montado em Brasília por corruptores. No caso, nem se trata propriamente de corrupção de uma autoridade e sim de um arranjo que a princípio poderia perdurar incógnito.
Ainda assim, cabe outra vez indagar se já não é tempo de o governo aprimorar os instrumentos de licitação. Num ambiente informatizado, havendo controle de contas não parece impossível detectar esquemas de rodízio nas licitações.
Depois do impeachment, depois do escândalo do Orçamento, numa época em que o governo não cansa de criar novas formas de arrecadação, todo cuidado é pouco para evitar que os recursos públicos ganhem asas e voem para muito longe de onde deveriam estar.

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