São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Estudar é preciso

Em conversa com Gilberto Dimenstein, colunista da Folha, o penúltimo Prêmio Nobel de Economia, Gary Becker, abordou o fato de atualmente o diploma de curso superior não ser mais indicativo de qualificação profissional. A sobrevivência no mercado de trabalho, diz ele, depende agora, sobretudo, de uma preocupação constante com a atualização de conhecimentos.
Na era da informação, o saber das profissões técnicas é submetido a múltiplas revisões, em prazos muitas vezes bastante curtos. Aquele que se limita a manipular um repertório de conhecimentos datados coloca em risco a sua própria sobrevivência no emprego. Em recente editorial, esta Folha definia, com um truque de linguagem, a natureza do saber tecnológico: "informação em formação".
Em países como o Brasil, a constatação do economista é duplamente desafiadora: mesmo o conhecimento básico adquirido na universidade já é precário e desatualizado. E o recém-formado em geral se vê na premência de entrar logo no mercado de trabalho -e não são poucos os que já trabalham mesmo durante o curso superior.
Por fim, muitos empregados, segundo pesquisa da Imam-Treinamento e Consultoria, não atualizam conhecimentos; 16% das empresas brasileiras com faturamento alto aproveitavam apenas 4% das horas anuais de trabalho do empregado para seu treinamento. E, como agravante, todos, em maior ou menor grau, vêem-se hoje no Brasil espreitados pelo fantasma do desemprego. Assim, constata-se, a tarefa educacional não pode ater-se a diplomas e certificados.

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