São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC diz que só os ricos gritam contra recessão

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

O presidente Fernando Henrique Cardoso voltou ontem a ironizar os que falam em recessão, atribuindo o que chamou de gritaria a respeito ao fato de que "as classes mais poderosas são as que mais podem gritar".
Para o presidente, o único consumo que o governo teve que brecar foi "o consumo das classes médias altas, dos ricos. Quem compra automóvel importado de US$ 10 mil cada um certamente não é povo".
FHC deleitou-se em seguida em mencionar dados de uma pesquisa do Dieese, departamento de estudos do sindicalismo, segundo os quais "a capacidade de compra dos salários dos 10% mais pobres da população aumentou 32%".
Disse também que os donos de supermercados garantem que o consumo, este ano, aumentou 30%, "basicamente nos itens mais populares".
O discurso do presidente, a partir desses números, contradiz a retórica anteriormente usada e que era a de admitir que a classe média (sem o complemento "alta") fora uma das vítimas do Plano Real.
Em discursos tanto em Buenos Aires, em julho, como em Bruxelas, em setembro, FHC dissera que a classe média sofrera perdas em função do aumento de preços dos serviços que não enfrentam concorrência dos importados.
Agora, não. São apenas os "ricos" que foram punidos pelo freio ao consumo.
Por isso mesmo, o presidente afastou a hipótese de novas medidas restritivas para evitar um consumo excessivo em função das festas de fim de ano.
Para ele, é normal que haja aumento do consumo agora, mas o que o governo espera é que se volte para a compra de "presentes normais".
Ele festejou o fato de que, segundo ele, o valor dos bens consumidos habitualmente no Natal "está às vezes mais baixo do que no ano passado, caso do peru".

Texto Anterior: "Números de impacto" seduzem argentinos
Próximo Texto: Governistas admitem desatenção a emenda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.