São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Visitas íntimas

A idéia do sistema penitenciário moderno é reabilitar o preso para que ele possa voltar a viver em sociedade. Na prática, contudo, é mais do que sabido, o sistema carcerário, não só no Brasil, mas em todo o mundo, variando apenas o grau, transforma as cadeias em verdadeiras escolas do crime. Provam-no os crescentes índices de reincidência registrados pelos censos.
A constatação de que a cadeia não reabilita não deve porém fazer com que se esqueça do ideal -que deve sempre ser perseguido- de tentar recuperar o criminoso. Nesse sentido a visita íntima (eufemismo para uma atividade sexual) é um importante elemento. Pena privativa de liberdade não é sinônimo de pena privativa de sexualidade. E sexo é bom para o equilíbrio psíquico de qualquer ser humano.
Assim, causa estranheza a revelação feita ontem por esta Folha de que a visita íntima (direito conquistado há quase dez anos pelos homens) inexiste para as presidiárias.
É claro que uma cela não é o ambiente mais propício para a prática do sexo. Considerações de ordem médica (Aids, saúde sexual, prevenção de gravidez) não podem ser esquecidas, mas também não constituem obstáculo intransponível para que, pelo menos nas cadeias brasileiras, retrato fiel do último círculo do Inferno de Dante, homens e mulheres compartilhem, não só os mesmos pesadelos, mas também os poucos direitos.

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