São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Presidente do Incra quer mais demissões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Graziano afirma que não se sente "constrangido" em substituir nomes para que órgão tenha perfil mais técnico
As demissões no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) vão continuar, afirmou ontem o presidente do órgão, Francisco Graziano, após almoço com o ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira.
"Esse processo já começou, e em momento algum me sentirei constrangido em substituir nomes para cumprir as decisões do governo federal", disse.
Na prática, esse processo vem se mostrando difícil. Exemplo disso é a demissão do superintendente do Incra de Minas Gerais, Geraldo Resende, que criou problemas para o presidente do órgão.
Graziano o demitiu, mas não teve a ordem executada por pressão do Palácio do Planalto, que resolveu suspender a decisão até encontrar novo emprego para Resende -irmão do deputado federal pelo PFL e ex-ministro da Fazenda Eliseu Resende.
Mesmo demitido, Geraldo Resende respondeu pelo cargo durante duas semanas. Sua exoneração foi publicada anteontem pelo "Diário Oficial".
Há três dias Melchior Augusto de Melo, que é funcionário de carreira do Incra desde 1983, vem respondendo interinamente pela superintendência em Minas.
O ex-superintendente mineiro foi acusado de manipular informações sobre os números de assentamentos em seu Estado.
Também vendeu a empresários amigos três áreas destinadas a reforma agrária, por preço abaixo dos praticados pelo mercado.
A Agência Folha tem tentado falar com Resende há duas semanas, sem sucesso.
O presidente do Incra disse que as demissões podem ser usadas para mudar o perfil político do Incra, que, segundo ele, deverá ser mais técnico.
Hoje se reúnem em Brasília todos os superintendentes do Incra, que deverão apresentar os resultados dos trabalhos nos Estados.
Cauteloso, Graziano deve esperar que os membros da equipe cometam deslizes antes de fazer as mudanças, como o que aconteceu com Geraldo Resende.
Almoço
Andrade Vieira e Graziano almoçaram juntos para discutir os detalhes do pacote de leis para a reforma agrária que o presidente Fernando Henrique Cardoso pretende anunciar amanhã.
Graziano considerou o encontro como "o mais positivo" que manteve com o ministro -os dois vinham se desentendendo.
Na semana passada, Andrade Vieira chegou a dizer que a reforma agrária estava lenta demais. Além disso, os dois discordam conceitualmente sobre o tema.
O clima do encontro, que durou uma hora e meia, foi amistoso. Fora os aspectos jurídicos, discutiu-se a proposta de privatização de uma usina de álcool que o Incra possui em Medicilândia, no Pará.
A usina gera prejuízos "fabulosos" para o governo, disse Graziano. Sua idéia é privatizá-la.

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sobre invasões de terra à pág. 1-14

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