São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Diolinda e Zélia

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No Aqui Agora, que perdeu a cor, vai perder o horário, mas ainda não perdeu toda a graça de origem:
- Diolinda se manteve calma durante grande parte do interrogatório, mas no fim ela não aguentou. Muito emocionada, ela chorou muito. Disse que está indignada com a forma como é tratada, que está tendo o tratamento de um bandido.
Ela chorou muito e voltou para o Carandiru.
Em Brasília, por outro lado, na praça dos Três Poderes, segundo o registro oficial da Rede Brasil:
- O Supremo Tribunal Federal rejeitou por oito votos a um a denúncia da Procuradoria Geral da República contra a ex-ministra da Fazenda do governo Collor, Zélia Cardoso de Mello. Ela era acusada de enriquecimento ilícito.
Com Zélia, acabou assim o escândalo Collor.
Temor
Não foi à toa que o presidente americano Bill Clinton mencionou o líder negro americano Martin Luther King no discurso que fez em Israel, no enterro de Yitzhak Rabin.
O primeiro-ministro israelense foi morto por força da divisão política, civil, no país. A mesma divisão que opõe brancos e negros nos Estados Unidos.
Ontem, Colin Powell, negro, desistiu de concorrer a presidente dos Estados Unidos precisamente porque, segundo a CNN, a sua mulher ou ele mesmo "temia por sua vida, pela sua segurança física".
Foi citado o caso de Yitzhak Rabin e os analistas ouvidos pela CNN disseram que a preocupação é correta, "diante do que nós temos visto". Não só em Israel, mas em Oklahoma.
Conciliação
Na entrevista em que confirmou a desistência, ao vivo na CNN, Colin Powell anunciou a filiação ao Partido Republicano, como meio de aproximar os negros de uma alternativa de representação política, além dos democratas.
Ainda que não seja candidato, ele afirmou que quer tirar a política dos extremos, das "franjas". Caso viesse a ser candidato, por outro lado, afirmou que levaria uma mensagem de "conciliação".
Não é difícil entender por que Colin Powell empolga tanto os americanos.

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