São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça garante indexação dos salários

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

No primeiro julgamento de dissídio após a medida provisória da livre negociação dos salários, a Justiça do Trabalho garantiu a indexação salarial e ainda concedeu aumento real (acima da inflação).
O Tribunal Regional do Trabalho determinou ontem o pagamento de 26,79%, descontadas antecipações, a cerca de 200 mil metalúrgicos do Estado de São Paulo dos setores de forjaria, fundição, autopeças, siderurgia e parafusos da base da Força Sindical.
Os 26,79% repõem as perdas com inflação desde a última data-base, em novembro de 94, e ainda garantem aumento real (acima da inflação) de 2% a 2,5%.
O presidente do TRT, Rubens Tavares Aidar, explicou que apenas estendeu o acordo já firmado com o grupo 19-3 da Fiesp (máquinas e eletroeletrônicos) aos outros cinco setores.
Como no acordo com o grupo 19-3, ficou garantida uma "salvaguarda", segundo Aidar. Se alguma empresa considerar que não pode pagar o reajuste, pode recorrer aos sindicatos de trabalhadores e tentar negociar alternativas.
A greve dos metalúrgicos, que começou anteontem, foi considerada não abusiva.
A decisão foi uma dura derrota para o Sindipeças (representa o setor de autopeças), que aceitava pagar o mínimo garantido por lei -reajuste de 16,97%- e queria parcelar o restante da reposição da inflação. Aumento real estava descartado pelo Sindipeças.
Em uma clara repreensão às declarações feitas na segunda-feira por Paulo Butori, presidente do Sindipeças, de que caso a Justiça determinasse a reposição integral da inflação, mesmo sem aumento real, seria necessária a demissão de 16 mil a 20 mil trabalhadores, o TRT determinou ainda estabilidade de 90 dias para os trabalhadores de autopeças, forjaria e parafusos.
"Por ele ser um presidente de um sindicato tão importante, ele estava incitando as empresas a demitir", disse Aidar.
Wilson Começanha, diretor do Sindipeças que acompanhou o julgamento, defendeu que a entidade deve recorrer da decisão junto ao Tribunal Superior do Trabalho, que ainda não julgou nenhum dissídio após a medida provisória da desindexação. "Assembléia de filiados hoje definirá se vamos recorrer ou não", disse Começanha.
Para Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força Sindical), o resultado foi "melhor do que o esperado". "Não esperávamos a estabilidade por 90 dias", afirmou.
A greve, segundo ele, atingiu ontem de 110 mil a 120 mil trabalhadores da base da Força Sindical nos cinco setores onde ainda não havia acordo, que empregam 200 mil trabalhadores. Hoje, os metalúrgicos voltam ao trabalho, segundo determinou o TRT.
Segundo o Sindipeças, pararam ontem 28 empresas e um total de 17,9 mil trabalhadores.
Os metalúrgicos da CUT fecharam ontem acordo com o grupo 10 (lâmpadas e aparelhos de iluminação), que emprega 45 mil do total de 450 mil trabalhadores na base da central. Segundo Paulo Sérgio, presidente da federação dos metalúrgicos da CUT, o reajuste é de 28,71%, o que repõe a inflação e garante aumento real de 6,54%.

Texto Anterior: CEF discorda do Tesouro
Próximo Texto: BB negocia abono hoje
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.