São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Capitão do Gate diz que operação foi 'um sucesso'

LUÍS HENRIQUE AMARAL; ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

O capitão do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar) que comandou a invasão, Wagner César Teixeira Pinto, 36, considerou a operação da polícia "um sucesso."
"Conseguimos retirar de lá os reféns que ainda estavam vivos no momento da invasão", disse.
Segundo ele, a invasão aconteceu depois que um dos reféns foi morto pelos assaltantes. "Agimos para impedir uma carnificina. Se deixássemos, eles poderiam matar os outros reféns", disse.
Pinto diz ter certeza de que os dois reféns mortos foram atingidos por balas dos assaltantes. "Eles levaram tiros na cabeça, à queima-roupa", disse.
Segundo ele, no momento da invasão as negociações estavam paralisadas. "Eles não estavam cedendo, então decidimos só retomar as conversações pela manhã, para vencê-los pelo cansaço", afirmou.
O capitão afirma que a invasão ocorreu menos de um minuto depois do primeiro tiro. "Fizemos várias simulações antes, num local próximo, para garantir o sucesso da operação", disse.
A preparação para a invasão começou por volta das 23h de anteontem, quando policiais do Gate pediram para as cerca de cem pessoas -jornalistas e curiosos- que estavam na praça em frente à casa se retirarem do local, alegando que a praça estava na linha de tiro.
Pouco antes disso, em reunião entre policias civis e militares, foi decidido que a operação ficaria a cargo do Gate. Às 23h30, os atiradores de elite do Gate começaram a se posicionar no telhado da casa ao lado da obra e no muro que fica em frente à rua. Encostado nesse muro fica o barracão da obra, onde estavam os dois assaltantes.
Os policiais resolveram então deslocar o carro de Bombeiros com um holofote para tentar visualizar a posição dos assaltantes no barracão.
O clima ficou tenso com a perspectiva da invasão iminente. Os policiais, entretanto, não invadiram o local imediatamente e as negociações foram retomadas.
Durante todo tempo em que antecedeu a invasão, as negociações foram suspensas e retomadas diversas vezes.
O delegado Roberto pacheco de Toledo, do COE (Comando de Operações Especiais), afirmou que a exigência dos assaltantes -uma Kombi e coletes à prova de bala- "demonstra que eles eram inexperientes".
"Se fossem experientes, teriam pedido um carro-forte".
(Luís Henrique Amaral e Rogerio Wassermann)

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