São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Rebelião à MP das fusões é sufocada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo montou ontem uma estratégia para sufocar as ameaças do Senado à MP (medida provisória) que concede benefícios fiscais e empréstimos privilegiados a bancos em processo de fusão ou incorporação.
Líderes governistas no Congresso bloquearam as assinaturas em favor do regime de urgência para o projeto, aprovado anteontem na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, que reduziria a autonomia do governo para financiar fusões e incorporações.
Também foi mudado o relator da MP no Congresso. O cargo deverá passar do senador Vilson Kleinubing (PFL-SC) para o deputado Benito Gama (PFL-BA) -que participa do lobby a favor do Banco Econômico, que está sob intervenção federal e é um dos prováveis beneficiários da MP.
Benito Gama foi convidado para o café da manhã com o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, agendado para líderes de partidos governistas.
Durante o café foi decidido que o governo enviará ao Congresso um relatório detalhando os motivos da MP e os procedimentos adotados em outros países para facilitar as fusões bancárias.
"A estratégia para aprovar a MP será a divulgação mais clara das razões que levaram o governo a adotá-la", disse o deputado Antônio Kandir (PSDB-SP), participante da reunião com Loyola.
Providências
Mas os governistas trataram de tomar outras providências. O líder do governo no Senado, Élcio Álvares (PFL-ES), articulou para que membros do seu partido e do PSDB não assinassem o pedido de urgência para o projeto contrário à MP.
Sem a urgência, o projeto deixará de ser votado diretamente em plenário. Como os governistas também propuseram emendas ao projeto, ele voltará à CAE. Além disso, será questionada a constitucionalidade do projeto.
"Podem esquecer esse projeto", disse Vilson Kleinubing. O projeto, se aprovado em plenário, impediria o BC de emprestar aos bancos recebendo em garantia títulos ou créditos sem valor de mercado -os chamados títulos "podres".
O vice-líder do governo no Congresso, Luís Carlos Hauly (PSDB-PR), previu que a MP não será votada nesse mês, como a maioria das MPs editadas pelo governo.

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