São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995 |
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Corinthians avisa que está no páreo
JOSÉ GERALDO COUTO
Quem viu o jogo percebeu que esteve em campo um Corinthians mais alegre e aguerrido que o de jogos anteriores. Apesar dos desfalques e de ter jogado meia partida com dez homens, foi o primeiro jogo do campeonato em que o Timão mostrou de fato sua força. Quando estava 2 a 0 e o time continuava atacando, com ousadia e imaginação, parecia que estava pintando uma goleada consagradora. Mas veio o primeiro gol do Sport, numa cobrança de falta, e, logo em seguida, a expulsão de Júlio César. Em poucos minutos, havia mudado tudo -e o Corinthians caiu na real. Aí ficaram evidentes as fraquezas do time. Em primeiro lugar, a defesa. Até quando nosso bom Eduardo Amorim vai tapar o sol com a peneira e dizer que não existem falhas na zaga corintiana? Mesmo tendo um excelente goleiro, o time toma pelo menos um gol por partida. Não dá para culpar o azar ou a troca constante de jogadores pelo problema. É até possível ver a coisa de modo inverso: mal organizados e mal amparados, sem um sistema eficiente de cobertura dos laterais e de posicionamento nas bolas altas, os zagueiros se desgastam, se irritam, se contundem, perdem a cabeça, são expulsos. O caso de Célio Silva no jogo de anteontem é exemplar: depois de se desdobrar, na defesa e no apoio, durante toda a partida, o zagueirão foi expulso bestamente no último minuto e está fora do próximo jogo. Outra carência que o Corinthians não conseguiu superar é a de um centroavante que substitua Viola a contento. Fabinho fez um gol de craque, mas tem sido mais um meia que propriamente um goleador. E as duas outras opções -Clóvis e Serginho- deixam a desejar. Serginho porque ainda é imaturo e irregular, capaz de alternar boas jogadas com lances bisonhos. Clóvis, por sua vez, tem sido de uma lentidão irritante, talvez por falta de condicionamento. O time toca rock e ele dança bolero, num descompasso fatal para as jogadas ofensivas. Há um terceiro problema. Faltam vibração, alegria e carisma a alguns dos principais jogadores. Não é o caso de Marcelinho e Ronaldo, mas sim de Souza, Zé Elias (atenção: vibração não é nervosismo), Marques, Clóvis. São jogadores de talento, mas que parecem tímidos, tristes, travados. Falta-lhes uma injeção de tesão pelo futebol e pela vitória. PS - Escrevi anteontem, nesta coluna, que, contra a Argentina, o importante é vencer, mesmo que seja com gol de mão, e tomei um carinhoso puxão de orelhas de Alberto Helena Jr. Minha afirmação refletia mais um desejo de provocar amistosamente os amigos argentinos do que uma convicção. Concordo com ele: regras devem ser cumpridas, as vitórias devem ser limpas, mão é pra jogar basquete. Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a coluna de Matinas Suzuki Jr. Texto Anterior: ONTEM Próximo Texto: De Santa Rita a Aparecida Índice |
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