São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Importar é o que exporta

As exportações brasileiras de US$ 4,405 bilhões em outubro são mais um sinal de que a correção de rumos imposta ao Plano Real ao longo do ano está dando resultados.
Mesmo sem dados disponíveis sobre o valor das importações, é razoável esperar por um superávit.
É uma conquista notável, especialmente se se recordar o cenário dos anos 80, quando a recessão interna parecia indispensável para gerar exportações. Mesmo a expressão "exportar é o que importa" merece hoje reparos.
É certo que o governo promoveu o desaquecimento da economia com vistas a reduzir as importações e aumentar o "excedente exportável". Juros elevadíssimos também estimularam as vendas externas, pois antecipar recursos de exportações é uma das formas mais baratas de financiamento disponíveis.
O quadro atual está ainda longe de ser recessivo. Parece cada vez mais provável a tese de que a economia, crescendo moderadamente, permite especialmente às indústrias locais alcançarem escalas que viabilizam custos menores, tornando os produtos mais competitivos.
Um segundo fator estrutural que ajuda a explicar essa performance exportadora, apesar da valorização cambial e da economia em crescimento, é a significativa racionalização produtiva que vem ocorrendo nos últimos anos.
Importar supérfluos, ou bens de consumo, ajuda a conter os preços internos. Mas se o câmbio "atrasado" aumenta o desafio de vender produtos lá fora, é igualmente verdade que importar com relativa vantagem cambial e financeira mais máquinas, equipamentos e bens intermediários ajuda a aumentar a produtividade e a reduzir custos, ou seja, traz menos riscos para o equilíbrio externo que a importação excessiva de bens de consumo.
Inverta-se a máxima antiga. Hoje, importar é o que exporta.

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