São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Salário; Câmara indiscreta; Indigestão; Pacificação; Campo em alta

Salário
"Ingressei na Assembléia Legislativa mediante concurso de títulos e provas, com mais de mil candidatos, em quarto lugar, sendo nomeado em 16/2/86, e não em 1988 como afirmado em reportagem publicada em 28/10. O meu salário (out/95) líquido, conforme comprovante de pagamento apresentado ao jornal, é de R$ 2.097,60, e não de R$ 10 mil, conforme maliciosamente alegado; portanto não ganho mais do que o presidente. O meu cargo é de agente legislativo 2, conforme documento levado ao jornal, e não de lavador de carros, conforme afirmado na reportagem. Exerci no período de 1989/91 o cargo de procurador, mediante legal e legítima nomeação efetuada pela Mesa da Assembléia. Preenchi todos os requisitos legais e técnicos para ocupar esse cargo, portanto, quando os cargos foram extintos, não era mais procurador havia mais de quatro anos. Não há qualquer ilegalidade ou imoralidade. Os deputados criam as leis, não eu, e os que me humilham estão na Assembléia há mais de oito anos, e só agora 'batem de frente'. Jamais fui lavador de carros e não pretendo lavar nenhum carro. Possuo dois cursos de pós-graduação e larga experiência em direito público, podendo ser mais útil ao Estado do que um lavador. Por falta de uma reforma administrativa coerente estou nesta situação, sendo atacado pelos que detêm o poder, que, em lugar de se preocuparem com um 'lavador de carros', deveriam vir à imprensa trazer os seus projetos e idéias e não falarem inverdades, as quais maculam a minha moral (crime de difamação) e a honra de um trabalhador. Deveria a imprensa ir atrás dos verdadeiros marajás da Assembléia, que recebem até R$ 30 mil e desfrutam de grandes mordomias. Porque esse parlamentar que tanto me ataca deveria, sim, estar mais bem informado dos fatos e não fazer acusações sem qualquer fundamento. Estou em licença médica em razão de distúrbios neurológicos ocorridos em razão de toda a injustiça que venho sofrendo. Não serei a bandeira ou bode expiatório de nenhum político."
Rogério Auad Palermo (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Carlos Magno de Nardi - As informações publicadas foram fornecidas pelo deputado Conte Lopes, 2º secretário da Mesa da Assembléia Legislativa de São Paulo. O sr. Rogério Palermo ingressou nos quadros da Assembléia como "agente legislativo de serviços auxiliares (garagem)", e suas funções, nas palavras do parlamentar, correspondiam às de "lavador de carros". Depois de nomeado "assessor técnico legislativo -procurador", passou a perceber, além dos vencimentos próprios do cargo, verba honorária devida aos procuradores do Estado. Segundo estimativa do deputado Conte Lopes, se ainda estivesse no exercício da função, seus vencimentos ultrapassariam hoje R$ 10 mil. É essa distorção administrativa que a reportagem mostrou.

Câmara indiscreta
"Venho postular que seja retificada a notícia publicada em 25/10, na qual é mencionada a pessoa da signatária, imputando-se-lhe conduta que, em verdade, não teve. É que a fotografia publicada na Primeira Página mostra a pessoa da signatária com o braço estendido, tendo a reportagem afirmado que nesse gesto estaria, a signatária, buscando 'beliscar' o corpo do deputado Inocêncio de Oliveira. Essa conclusão extraída graciosamente pelo autor da reportagem não espelha a verdade, não passando de mera interpretação dada à imagem, mas que não condiz com a realidade. Naquele momento a signatária desta sofria empurrões no tumulto, e a foto foi realizada no exato momento em que buscava apanhar seus óculos, lançados à distância pelos circunstantes, portanto jamais pretendendo com aquele gesto 'beliscar' quem quer que seja, até mesmo porque era impossível fazê-lo estando cercado o deputado referido por seguranças. À jornalista que posteriormente nos indagou a respeito do desejo de agredir o deputado, respondemos negativamente, afirmando que a despeito dos ânimos acirrados, esse não era o nosso objetivo, que não passou nossa conduta da proclamação de palavras de ordem em defesa dos interesses dos servidores públicos, na condição de presidente da Associação Estadual de Servidores do Poder Judiciário."
Raquel de Falco Augusto, presidente da Associação dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A foto da Folha mostra Raquel de Falco tentando alcançar com a mão o deputado Inocêncio de Oliveira. Em conversa com a reportagem da Folha, ela disse que não tinha conseguido acertar o deputado, mas que ele merecia.

Indigestão
"Faço parte do minoritário e privilegiado grupo dos que detestam alho e cebola. Talvez por isso não tenha conseguido degustar a 'salada mista' que o sr. Otavio Frias Filho ofereceu-nos em 2/11, intitulada 'Inferno das intenções'. Pelo menos para o meu gosto, mesmo usando todos os componentes do galheteiro, a degustação foi um inferno. Pergunto: o respeitável jornalista Otavio Frias Filho, que muito admiro, não estaria, porventura, efetuando pesquisas para aferir reações e até mesmo o nível de leitores de sua coluna?"
Sérgio José Serrano (São João da Boa Vista, SP)

Pacificação
"Já perdi a conta de quantos 'chapéus' com a expressão 'guerra santa' vejo desde que a Globo colocou 'Decadência' no ar. E ainda mais agora, com essa história dos chutes. Pergunta: guerra santa onde, meu São Francisco de Sales (padroeiro dos jornalistas)? A CNBB já disse que não quer briga, o Edir Macedo já pediu desculpas, transferiram o Von Helder e o Didini e a Folha fala de guerra santa. A hipocrisia da Folha é tamanha que em cima da manchete 'Não queremos guerra, diz CNBB' vocês colocam um 'chapéu' 'Católicos x evangélicos'. Haja cinismo... Quer outra prova de que a Folha está jogando católicos contra evangélicos? É só dar uma olhadinha no 'Painel do Leitor' -só tem indignação e raiva pra todo lado. Nenhuma carta da turma do 'deixa-disso', como se costuma dizer. Como católico, revolta-me muito mais a manipulação por parte da Folha que os pontapés do 'bispo' na 'santa' (a santa está no céu; o cara chutou uma imagem, dá pra entender a diferença?)."
Marcio Antonio de Castro Campos (São José dos Campos, SP)

Campo em alta
"As mudanças estruturais pelas quais passa a agricultura brasileira são atrasadas e velozes, fruto de um país que também vive ainda a primeira onda da revolução tecnológica citada pelo Alvin Tofler. Os sistemas e tecnologias de produção levam a crescentes ganhos de produtividade e redução de preços nos produtos primários. Menos mão-de-obra é absorvida no processo produtivo. Paralelamente, as atividades urbanas crescem explosivamente no país, impulsionadas por uma migração rural-urbana intensiva. Nessa tendência, muito oportuna foi a pesquisa do Datafolha sobre a agricultura, publicada no Agrofolha de 31/10. Tanto nos Estados Unidos como na Europa os mecanismos de proteção da agricultura são sustentados em enquetes urbanas."
Luiz Antonio Pinazza (São Paulo, SP)

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