São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Privatização da Vasp

ORESTES QUÉRCIA

Há dias, o juiz federal da 5ª Vara de Brasília julgou improcedentes as ações civis públicas promovidas pelo Ministério Público Federal e Estadual com o objetivo de anular o financiamento do Banco do Brasil que possibilitou a privatização da Vasp. Nada mais justo. Essas ações traduziam tão-somente o desejo de notoriedade de parcela do Ministério Público, açulado pelas manchetes de certos jornais. O que estava em jogo, para o Ministério Público, não era a perseguição da verdade -cristalina, para quem quisesse ver-, mas a perseguição política.
A privatização da Vasp seguiu um procedimento que se tornou modelo para outras intervenções do gênero. Foi a melhor e mais transparente privatização feita no Brasil.
Ao chegar ao governo de São Paulo, decidi pela privatização da Vasp antes de tomar posse. Com base em relatórios idôneos, concluí que o Estado não poderia continuar suportando as seguidas improvisações levadas a efeito pelas sucessivas administrações da empresa, a critério de cada governador que tomava posse.
Essas improvisações significavam um prejuízo mensal de milhões de dólares, bancado pelo contribuinte. Recursos que deveriam ser aplicados em saúde, educação, segurança, eram desviados para cobrir os prejuízos da Vasp.
A privatização da Vasp foi dirigida por uma comissão de alto nível, integrada por dois deputados estaduais, sendo um deles de oposição ao meu governo, e aprovada por lei da Assembléia Legislativa. Os grandes jornais do país destacaram a transparência da privatização, que foi elogiada por vários editoriais.
A CPI aberta na Câmara dos Deputados constatou que não houve nenhuma irregularidade no processo de privatização. No interior da Comissão, representantes de alguns órgãos de imprensa -especialmente da revista "Veja"- tentaram pressionar os deputados. Aos que votassem contra o parecer prometiam fotos em destaque em seus veículos. Aos outros, ameaçavam com retaliações. A maioria da Comissão, no entanto, rejeitou as intimidações e aprovou o parecer por uma questão de justiça.
Agora, com a decisão do juiz da 5ª Vara de Brasília, a farsa montada para desacreditar o processo de privatização da Vasp recebe sua última pá de cal. A verdade, finalmente, se impõe em toda a sua inteireza, como sempre acreditei.

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