São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Blues, jazz e rock embalam terra de Elvis

OSCAR PILAGALLO
ENVIADO ESPECIAL A MEMPHIS (EUA)

Memphis, Tennessee, lembra a antiga cidade egípcia tanto quanto a próxima Paris, Texas, remete à capital francesa. Ou um pouco mais, talvez.
A referência deve-se a uma característica geográfica comum: a posição em relação aos rios. Um observador contempla o Mississippi de um platô semelhante ao que permitia aos menfitas, muito antes de Cristo, dominarem o Nilo.
Além disso, não satisfeitos com a correspondência natural, os americanos buscaram uma identificação arquitetônica e, em 1991, ergueram uma pirâmide às margens do legendário rio do sul do país.
A luz que reflete da estrutura de vidro e aço da Grande Pirâmide Americana, como foi batizada, é a primeira imagem que chama a atenção de quem chega de avião à terra que, se não é de faraó, é terra de um rei: Elvis Presley.
Diferentemente do que muitos pensam, Elvis não é de Memphis. É quase: ele nasceu na vizinha Tupelo, há 60 anos. Em Memphis, viveu desde menino e morreu aos 42, deixando sua marca indelével na história da cidade.
Mas a importância musical de Memphis é anterior a Elvis. Quando ainda não estava associada a ele, Memphis era mais conhecida como o Berço do Blues, o que ajuda a entender as raízes de seu mais ilustre filho, adotivo ou não.
Com menos de 1 milhão de habitantes espalhados na área metropolitana, Memphis cresceu pouco o suficiente para preservar o ambiente da formação de Elvis. Para conhecê-la, basta pegar o bonde -só há uma linha- e descer na estação próxima de Beale street, a rua em que até as paredes das casas parecem ter ouvido musical.
A tradição de Beale street nasceu com W.C. Handy, autor de "Memphis Blues", o único, além de Elvis, a ter uma estátua na rua.
A Beale street é, numa definição etílico-musical, uma sequência de bares onde se bebe o bourbon Jack Daniel's, o uísque do Tennessee, ouvindo blues. O mais "cool" deles é o Rum Boggie Cafe, onde toca o Memphis Boogie, tão bom quanto desconhecido.
Aliás, ser desconhecido em Beale street pode ser apenas uma questão de tempo. Anos atrás um disc-jóquei que fazia sucesso na cidade inventou para si o apelido radiofônico de Beale street Blues Boy. Mais tarde, abreviou para B.B., acrescentando o King, que tanto é sobrenome quanto adjetivo.
Não foi o único talento lá nascido. Alberta Hunter (1895-1984) e Aretha Franklin também tiveram reconhecimento mundial.

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Sobre Memphis na pág. 6-21

O jornalista OSCAR PILAGALLO viajou a Memphis a convite da Federal Express.

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